Sábado, 16 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 15 de novembro de 2024
Sede do encontro do G20, o Brasil fica atrás de outros integrantes da cúpula em relação ao cumprimento de objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), mostra levantamento divulgado pelo IBGE. Entre alguns dos temas em que o País permanece mais distante das metas traçadas internacionalmente estão a educação a erradicação da pobreza e o combate às desigualdades.
A discussão e resolução desses problemas foram definidas como prioridades pelo governo brasileiro ao assumir, em dezembro do ano passado, a presidência do grupo das vinte maiores economias do mundo. Já em relação à proteção e conservação ambiental, o Brasil apresentou avanços, mas ainda se mantém distante do cumprimento das metas.
“O Brasil se encontra em situação pior que a média do G20 quanto à pobreza principalmente pela sua alta desigualdade, apesar de a situação ter melhorado com a expansão do Bolsa Família. Além disso, o país fica atrás com relação à educação, já que as políticas para a área são atrasadas e com pouco foco em eficácia”, avalia Daniel Duque, pesquisador do FGV Ibre.
Criada em 2015, durante uma reunião da Assembleia Geral da ONU, a Agenda 2030 é um plano global para atingir um mundo melhor para todos os povos e nações até o ano 2030. O compromisso, assinado por 193 estados-membros, estabeleceu 17 objetivos de desenvolvimento sustentável relacionados à redução das desigualdades, universalização da saúde e da educação, proteção ambiental e desenvolvimento econômico sustentável, entre outros.
Faltando seis anos para o fim do prazo, o cumprimento de somente 17% dessas metas, de acordo com um relatório divulgado pela ONU em julho deste ano, pode tomar a atenção de líderes mundiais que se reúnem no Rio de Janeiro para o encontro anual da cúpula do G20.
Veja abaixo como está o desempenho do Brasil em comparação aos outros integrantes do grupo em relação ao cumprimento de algumas dessas metas.
– Linha da pobreza: Apesar de ter se comprometido com a adoção da Agenda 2030, o Brasil ainda aparece em segundo lugar no ranking de países do G20 com maior proporção da população abaixo da linha da pobreza, segundo o levantamento feito pelo IBGE. No último ano considerado pelo instituto (2022), cerca de 3,5% da população brasileira, aproximadamente 7 milhões de pessoas, recebiam menos de US$ 2,15 (equivalente a R$ 12,43 na cotação atual) por dia. Esse valor é o limite levado em consideração na pesquisa, que usa como referência o índice calculado pelo World Bank Poverty Headcount.
Em 2021, o percentual da população que vivia abaixo da linha da pobreza era de 5,8%. Na época, o Brasil ficava atrás somente da Índia, que tinha o índice em torno de 12,9%. Por outro lado, países como Reino Unido (0,2%), Estados Unidos (0,2%) e França (0,1%), que também integram o G20, registraram a proporção de pessoas abaixo da linha da pobreza inferior a 1%.
Ainda segundo o levantamento, as faixas etárias mais afetadas pela “pobreza extrema” no Brasil seriam crianças e jovens de até 17 anos, que chegaram a concentrar proporções superiores a 40% abaixo da linha pobreza em 2022. A falta de recurso também foi verificada em maior quantidade em zonas rurais, onde mais de um terço (38,7%) dos habitantes convivia com essa condição. Enquanto isso, em áreas urbanas, o percentual foi de 15,3%.
– Acesso à educação: Ainda de acordo com a pesquisa divulgada pelo IBGE, o Brasil segue com uma das menores taxas de conclusão do ensino médio na comparação com os países do G20. Com base no levantamento produzido pelo instituto, que leva em consideração dados de 2021, o país ocupara a quinta pior colocação, com 73,3% dos estudantes concluindo essa etapa escolar.
A meta de universalizar o acesso à educação, também descrita na Agenda 2030, segue mais próxima de ser alcançada por países do norte global, como Estados Unidos (94,6%), França (91,4%) e Rússia (90,1%). Já abaixo do Brasil, aparecem a Indonésia (68,5%), Argentina (64,8%), África do Sul (63,2%) e México (59,5%).
– Representatividade parlamentar feminina: Os dados levantados pelo IBGE, referentes ao ano de 2021, também sugerem que Brasil mantém uma das menores taxas de representatividade feminina no parlamento nacional, em comparação a outros países que integram o G20.
Os números indicam que o país tem a segunda menor ocupação de mulheres em assentos no Legislativo Federal, com apenas 14,8%. Dentre os outros países da cúpula, apenas o Japão tem representatividade feminina menor, com 9,7%.
Apesar da baixa representatividade feminina, o Brasil é o terceiro país com a maior proporção de mulheres em posições gerenciais no grupo com 38,8%. Apenas a Rússia (46,2%) e os Estados Unidos (41,4%) possuem uma taxa maior.
– Taxa de homicídios: No quesito segurança pública, o país ainda ocupa a terceira maior taxa de homicídios entre 15 dos países que integram a cúpula. A taxa de 39,6 de mortes registradas em todo o território nacional em 2021 a cada 100 mil habitantes, revelada pelo levantamento, é somente superada pela África do Sul (72) e pelo México (50,5). Enquanto isso, países como Japão (0,2) e Austrália (0,5) se encontram abaixo da média global (5,8). As informações são do jornal O Globo.