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Um ano depois, polícia descarta problemas climáticos em acidente aéreo que matou a cantora Marília Mendonça

Investigação prossegue em duas frentes: falha humana ou pane dos motores da aeronave. (Foto: Reprodução/Twitter)

A Polícia Civil de Minas Gerais descartou que problemas climáticos tenham provocado o acidente aéreo que matou Marília Mendonça e outras quatro pessoas no dia 5 de novembro de 2021, em Caratinga. A investigação continua em duas frentes: falha humana ou pane dos motores do bimotor que transportava o grupo.

“O que a gente já pode afirmar, após oitivas de pilotos, é de que as condições metereologicas eram favoráveis ao voo visual”, declarou o delegado Ivan Lopes, responsável pelo caso.

Em coletiva realizada nesta sexta-feira (4), ele afirmou que aguarda o resultado dos laudos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que investiga possíveis falhas nos motores da aeronave e em equipamentos.

Não há data para a conclusão dos trabalhos, mas conforme fontes ligadas ao inquérito, a investigação deverá ser concluída somente no próximo trimestre: “Dependemos de alguns laudos para poder descartar algo relacionado à aeronave”.

Durante a apresentação dos trabalhos de apuração, o delegado afirmou também que está descartada qualquer possibilidade de erro no Aeródromo de Ubaporanga, próximo a Caratinga, onde o piloto realizaria o pouso.

Para a Polícia Civil, pode ter ocorrido falha humana, já que o piloto desviou da rota padrão e em função disso acabou batendo em fios elétricos: “Se não houvesse essa rede de transmissão, o acidente possivelmente não teria ocorrido”, afirma um dos investigadores.

Ele acrecenta: “Mas o fato é que tinha essa rede de transmissão e era dever do tripulante ver que isso estava lá, porque ele sai da zona de proteção e, a partir daí, passar a ser uma responsabilidade dele os obstáculos, já que o voo é visual”.

Comoção nacional

Natural de Cristianópolis (GO), Marília tinha 26 anos e um filho de 1 ano e 11 meses. O acidente teve grande repercussão nacional, já que a artista estava no auge e era uma das mais ouvidas no País.

A aeronave havia decolado do aeroporto Santa Genoveva (GO), com destino ao Aeródromo de Ubaporanga, próximo a Caratinga (MG), onde a artista faria um show. Enquanto se aproximava do aeroporto, a aeronave colidiu contra cabos de alta-tensão.

Pouco depois, caiu em uma cachoeira em Piedade de Caratinga, na região do Rio Doce. Além de Marília, estavam na aeronave o assessor Abicieli Silveira Dias Filho (43), o produtor Henrique Bagia (32), o piloto Geraldo Martins de Medeiros Junior (55) e o copiloto Tarcício Pessoa Viana (37). Todos morreram no local.

As investigações apontaram que as torres, de 36 metros de altura, estavam a 4,6 mil metros da cabeceira da pista, ou seja, foram da zona de segurança e, por esse motivo, não haviam sido listadas no Notam. “As torres não estavam no Notam porque elas estavam além da zona de proteção do aeródromo e até por esse motivo não havia necessidade da sinalização”, explicou o delegado.

Este é um documento que tem por finalidade divulgar, de forma antecipada, toda informação aeronáutica, que seja de interesse direto e imediato à segurança, regularidade e eficiência da navegação aérea. O documento busca identificar em um raio de até 3 quilômetros os possíveis obstáculos para a decolagem e para o pouso.

Conforme o delegado, a consulta do Notam antes do pouco ou decolagem não é obrigatória, mas é recomendada e costuma ser habitual entre os pilotos.

“O proprietário da empresa afirmou que foi feita a consulta, mas não sabemos se o piloto ou o copiloto tiveram acesso”, completou. Ainda de acordo com a Polícia Civil, a situação dos motores é analisada por uma empresa estrangeira. Conforme o delegado, não existe uma data para que os laudos sejam encaminhados. “Mas as investigações estão bem adiantadas.”

As investigações contaram com o depoimento de cinco pessoas, entre elas dois pilotos que disseram ter acompanhado o pouso. Um deles estava no local e teria visto a aeronave com Marília Mendonça e a equipe sair da zona de proteção do aeródromo.

“Ele foi assistir e percebeu que a aeronave se afastou muito local em que o padrão de Caratinga recomenda. Passado um tempo, esse piloto vê a aeronave se alinhando na pista para fazer o pouso. Ele disse que viu o momento em que a aeronave chocou com os fios e caiu”, disse o delegado.

O outro piloto estava em uma aeronave que partiu de Viçosa e faria o pouso no aeródromo. Ele chegou a fazer contato com o responsável pelo voo com a artista momentos antes do acidente.

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