Quinta-feira, 17 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 8 de abril de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar, nessa terça-feira (8), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que, na semana passada, anunciou um “tarifaço” contra mais de 180 países. As exportações brasileiras terão sobretaxa adicional de 10%.
“Eu estou vendo o comportamento do Trump, mas eu acho que não vai dar certo. Ninguém pega um transatlântico daqueles, carregado, e faz as coisas que estão acontecendo lá. Ninguém briga com quase 200 países. A coisa mais importante hoje é o multilateralismo”, falou o presidente, acrescentando:
“Quantos anos vocês passaram ouvindo que era preciso defender o livre-comércio, a globalização, combater o protecionismo? Desde os anos 1980. E de repente o mundo tem um cavalo de pau em que um cidadão sozinho acha que é capaz de ditar regras para tudo o que vai acontecer no mundo.”
Lula participou nessa terça do Encontro Internacional da Indústria da Construção, em São Paulo. Ele estava acompanhado dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Márcio França (Empreendedorismo), Jader Filho (Cidades) e Jorge Messias (advogado-geral da União). Também estava presente o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso.
Recado
Em sua fala, o petista pediu que a indústria da construção se empenhe para reduzir o déficit habitacional de 7 milhões de residências no país, destacando que, apesar de programas de moradia como o Minha Casa, Minha Vida, o problema segue grave.
Lula ainda citou o empréstimo consignado com recursos do FGTS como garantia, que foi anunciado em março. A iniciativa virou tema de preocupação para o mercado imobiliário, que teme que o uso do fundo para conseguir crédito possa reduzir sua utilização em financiamentos para a compra de moradias.
“Apesar da taxa de juros, apesar do Trump, pode ficar certo que neste país está acontecendo um milagre, não é um milagre da macroeconomia, é da microeconomia. E embora eu não tenha um curso de economia, eu tenho a consciência de que o dinheiro tem que circular na mão de todos, não pode ficar concentrado na mão de meia dúzia, rendendo dividendos, não. Eu quero dinheiro circulando na mão do povo do andar de baixo, ele tem direito a ter crédito, a ter R$ 4, R$ 5 mil emprestado, porque esse dinheiro vai para o comércio, que gera emprego na indústria”, defendeu Lula.
Haddad também defendeu a medida, adiantando que está em conversas com o setor para conciliar as demandas do FGTS.
“É um pleito do setor, absolutamente justo, de preservar os recursos do FGTS, e nós estamos construindo uma solução muito elegante que preserva o direito do trabalhador a ter crédito barato, mas que reserva o estoque de poupança para preservar o investimento. Eu penso que vamos ter boas- novas a divulgar brevemente, no sentido de buscar esse equilíbrio”, falou. (Com informações do jornal O Globo)