Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 26 de outubro de 2018
Após a divulgação da mais recente pesquisa do instituto Datafolha para a Presidência da República, o cientista político Lúcio Rennó, da UnB (Universidade de Brasília), avalia que o candidato Jair Bolsonaro ainda é o favorito contra Fernando Haddad para este domingo de segundo turno. Ele alerta, porém, que a eleição ainda não está decidida.
Os números mostram uma queda de seis pontos nos votos válidos na diferença do presidenciável do PSL sobre o adversário petista. Bolsonaro agora está com 56% dos votos válidos e Haddad, com 44%.
Para calcular os votos válidos, são excluídos da amostra os votos brancos, os nulos e os eleitores que se declaram indecisos. Nos votos totais, quando os nulos e brancos são contabilizados, a diferença é de 10 pontos, de 48% para 38%.
“Não quero dizer que Haddad vai virar. A probabilidade maior é realmente de uma vitória do Bolsonaro. Mas eu não afirmaria com tanta certeza que a vitória é certa, diante de muitas pessoas que não se decidiram, mas que ainda podem se manifestar nas urnas”, estima o especialista.
Indefinição de 14%
Na avaliação de Rennó, essa recente movimentação nos números dá uma outra cara para essa reta final da campanha. “É importante olharmos para os totais gerais com uma diferença de 10 pontos entre os candidatos, mas com 6% que não sabem e 8% de brancos e nulos. Ou seja, 14% dos votos que ainda não estão definidos”, disse Rennó.
“Ademais, os pesquisadores não têm como medir a abstenção. Os indecisos podem se decidir por um candidato e isso pode alterar o resultado eleitoral”, ressalta o cientista político. Ainda de acordo com Rennó, é mais difícil que Bolsonaro perca eleitores do que Haddad convença quem vai votar nulo ou que está indeciso.
“O fato é que não afirmaria com tanta certeza nenhum cenário por conta do número de votos que aparecem ainda sem decisão ou com uma decisão que pode mudar nos próximos três dias”, explica o cientista político.
Decisão tardia
Para o especialista, há um atraso cada vez maior no processo de decisão do eleitor na escolha do candidato. Ele explica que, mesmo quando se pergunta se você está definido no seu voto, há uma margem que pode mudar a decisão.
“Por exemplo, um eleitor pode ser anti-PT mas não concordar com o Bolsonaro em relação as suas posições homossexuais e mulheres. Esse eleitor vai decidir na hora de apertar o botão. A eleição não está tão decidida. Há um cenário de aproximação de candidatos, mesmo que pequeno, que pode influenciar os eleitores que diziam que não iriam votar”, concluiu.