Trafegar em Porto Alegre tem sido um desafio, não somente em decorrência do trânsito intenso, mas também porque a cidade parece um canteiro de obras constante. Uma das obras que causam revolta é a da Avenida Ceará, que deveria ter ficado pronta em 2014. A interrupção da Avenida Ceará obriga os motoristas a utilizarem o desvio via Rua Dezoito de Novembro.
A travessia via 18 de Novembro, geralmente conturbada, me convidou a realizar algumas reflexões sobre as coisas que vejo acontecer ali. O cruzamento tem um semáforo para auxiliar o fluxo dos carros. Porém, na ânsia de chegar alguns preciosos minutos mais cedo ao destino, boa parte dos motoristas não respeita a sinalização, ignorando o sinal amarelo (e até mesmo o vermelho), o que resulta em congestionamento para todos os lados. E isso se repete sucessivamente por horas, atrasando a todos que precisam passar por ali, tenham eles cometido a infração ou não.
Impossível não realizar uma analogia desse círculo vicioso com o que acontece na nossa política, em que, eleição após eleição, na tentativa de tirar algum proveito em benefício próprio, a esperteza de poucos acaba resultando em prejuízo para todos. Precisamos de tantos ministérios? Precisamos de tantos órgãos reguladores? A cada dia que passa, é possível perceber que nessa seara menos é mais. Menos ministérios, mais dinheiro para o povo. Menos órgãos reguladores, mais emprego e desenvolvimento.
O governo de Jair Bolsonaro, apesar de parecer promissor do ponto de vista econômico, já começou conturbado em decorrência das reiteradas notícias relacionadas ao seu filho Flávio Bolsonaro e aos inúmeros depósitos bancários realizados na conta de seu motorista. Pois bem. Que seja investigado. O fato é que os governantes, que deveriam pensar no bem comum, são aqueles que mais pensam e agem em benefício próprio. A mensagem é a seguinte: ou os brasileiros aprendem a viver em sociedade, respeitando os direitos alheios, ou não haverá governo que possa resolver a situação do nosso país. Continuaremos sendo um povo parado em cruzamentos, que vai do nada a lugar nenhum.
Sabrina Faccioli Damiani, advogada e associada do IEE