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Brasil Um delator descreveu “delivery” de propina a Fernando Collor

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Nome do ex-presidente aparecia nos comprovantes. (Foto: Marcos Oliveira/Fotos Públicas)

Principal operador do “money delivery”, o esquema de entrega de propina em domicílio criado pelo doleiro Alberto Youssef, o delator Rafael Ângulo Lopez prestou depoimento em que revela novos detalhes de uma entrega de propina ao senador e pré-candidato à Presidência pelo PTC, Fernando Collor (AL). Ângulo foi interrogado na ação penal que corre em sigilo no STF (Supremo Tribunal Federal) e investiga se o senador e outros dois comparsas cometeram os crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e participação em uma organização criminosa.

Segundo o entregador, a propina de R$ 60 mil, divididas em pacotes com cédulas de R$ 100, foi transportada até o apartamento de Collor amarrada nas pernas. Ao encontrar o “senhor Fernando”, o entregador diz que Collor, ao ver o dinheiro, “não pôs a mão”, preferiu que o pacote fosse deixado em uma sala antessala do apartamento.

“Eu tinha tirado o dinheiro que tinha levado nas pernas e coloquei no paletó. Eram R$ 60 mil em notas de R$ 100. Ele pediu para eu colocar numa mesinha que tinha lá, junto à parede, embaixo de um quadro. Ele não pôs a mão no dinheiro, mas pediu para deixar nessa mesa. Eu disse para ele: ‘trouxe 60, o senhor sabe?’ E ele respondeu. ‘Sei’. Eu deixei ali, acabei me despedindo, ele me acompanhou até a porta e eu desci”, relatou o entregador.

Na denúncia, aceita pelo Supremo em agosto do ano passado, a Procuradoria-Geral da República acusa Collor de ter embolsado cerca de R$ 30 milhões em propina, entre 2010 e 2014, a partir de contratos da BR Distribuidora sobre troca de bandeira de postos de combustível. A ação está relacionada a um dos primeiros casos investigados pela Operação Lava-Jato.

No depoimento, Ângulo descreve em detalhes o dia em que foi até um luxuoso edifício residencial no bairro Bela Vista, em São Paulo, para entregar um pacote de R$ 60 mil em propina a um certo “senhor Fernando”.

“Era quase na frente do Teatro Ruth Escobar, na Rua dos Ingleses, 308. Eu reconheci o prédio pelas fotos que a Polícia Federal me mostrou. Várias fotos de prédios e aí eu reconheci o que eu fui”, diz Ângulo.

Ângulo foi instado a descrever como foi a entrega desde a sua chegada na portaria do prédio de Collor.

“Tinha uma portaria externa. Quando eu cheguei, me anunciei dizendo que eu queria falar com o senhor Fernando. Nessa altura, não sabia que era ele. Só soube quando ele me atendeu”, disse o entregador, que levava os R$ 60 mil em pacotes de notas de R$ 100 amarrados nas próprias pernas.

“Entraram em contato, liberaram minha passagem, me abordaram para perguntar o assunto e com quem seria, me identifiquei por parte de quem teria me mandado, inclusive com o apelido de Primo, do seu Alberto Youssef, e disse que tinha um documento para o doutor Fernando. Um documento que tinha de ser entregue pessoalmente. Eles me acompanharam até o elevador e quando o elevador abriu a porta no andar, uma pessoa me atendeu, uma mulher com uniforme. Eu disse que tinha que falar com o senhor Fernando. Aí ela foi para dentro do apartamento e logo ele abriu a porta de entrada da sala. Foi quando eu vi que era ele”, relembra Ângulo.

Presidente

Além de descrever o dia em que entregou propina diretamente para um “ex-presidente da República”, fato que Ângulo diz ter marcado sua trajetória de entregas de propina – “porque eu nunca tinha estado com um presidente da República”, Ângulo Lopez foi questionado se havia feito depósitos de propina para contas de Fernando Collor. Questionado se aparecia o nome de Collor nos comprovantes de depósito, o delator então descreveu como era feita a rotina de depósitos de modo a dificultar a fiscalização das autoridades.

“Me foi pedido para fazer um depósito de R$ 20 mil, que foi feito fracionado. Um era de R$ 8 mil, outro de R$ 9 mil e outro de R$ 3 mil no caixa eletrônico, com valores em espécie. Aparecia o nome Fernando Collor de Mello nos comprovantes. Ele (Youssef) tinha me dito para depositar para o ‘senhor Fernando’. Eu não sabia quem era. Aí depositei e vi o nome. Perguntei para ele quem era a pessoa e ele confirmou.”

Ao lado de Collor, são réus na ação Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos, ex-ministro do governo Collor e considerado operador do senador em diversos negócios, e Luís Pereira Duarte de Amorim, diretor da Gazeta de Alagoas, apontado como testa de ferro e recebedor de propina para Collor.

Sobre Amorim, o delator descreve no depoimento as viagens que fez a Alagoas para entregar malas de R$ 100 mil a R$ 200 mil ao interlocutor de Collor.

 

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https://www.osul.com.br/um-delator-descreveu-delivery-de-propina-a-fernando-collor/ Um delator descreveu “delivery” de propina a Fernando Collor 2018-07-25
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