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Economia Um dos autores da Lei de Responsabilidade Fiscal não quer que o governo dê auxílio às empresas aéreas

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A mais recente crise das aéreas brasileiras resultou no anúncio de que Azul e Gol desejam se unir. (Foto: Reprodução)

A mais recente crise das aéreas brasileiras resultou no anúncio de que Azul e Gol desejam se unir, o que poderia levar a uma concentração de cerca de 60% do mercado brasileiro de aviação. Contrário à fusão, o economista José Roberto Afonso afirma que a solução deve ser de mercado, assim como ocorreu com a Latam, pouco após estourar a pandemia. Nos EUA e na Europa, o caminho também passou distante de fusões que poderiam provocar uma concentração de mercado.

“Soa chantagem empresarial alegar que, se não for aprovada a fusão, a única hipótese para uma aérea será falir”, diz, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Afonso passou a estudar o setor aéreo ao constatar que só engenheiros ou advogados tratavam do tema, embora a aviação dependa de financiamento para sobreviver. Leia a seguir, os principais trechos da entrevista.

– Como o sr. avalia a intenção de Azul e Gol se fundirem?É uma ‘con-fusão’ que está sendo armada por conta do desespero dos donos de duas companhias aéreas que podem vir a perder o controle dessas empresas e estão transformando um problema particular numa questão nacional. O certo é o mercado resolver, como foi o caso da Latam. Ela entrou em recuperação judicial, se acertou com o mercado – os credores viraram acionistas, e a Latam virou uma empresa com gestão profissional, cujos donos são investidores do mundo inteiro concentrados em dois fundos nos EUA. Entendo que Gol e Azul precisam trilhar o mesmo caminho e, na verdade, já vêm fazendo isso. Como assim? Um dia antes do anúncio da fusão, a Gol divulgou um plano de financiamento pelos próximos cinco anos. Ela está em recuperação judicial e, nesta recuperação, está se acertando com os credores. No caso da Azul, não é uma recuperação judicial, mas uma reestruturação financeira sem envolver uma ação judicial. Temo que esse anúncio venha a interromper uma solução de mercado que vinha razoavelmente encaminhada.”

– Unidas, elas poderão se tornar uma empresa saudável?A resposta é não. As duas empresas têm um passivo a descoberto monumental – uma, de R$ 28 bilhões; e outra, de R$ 30 bilhões. São dois rombos equivalentes ao da Americanas. Se uma devesse para a outra, a fusão seria a solução. Mas as duas devem para credores que são basicamente estrangeiros. O problema não é do Brasil, nem dos brasileiros – é dos credores estrangeiros e dos donos estrangeiros.”

– O argumento em defesa da fusão é de que é preciso criar uma grande empresa nacional de aviação. Qual sua opinião sobre isso?Havia uma empresa chamada Varig (risos), que tinha uma participação no mercado doméstico tão grande quanto terá a ‘Vermelhão’ – estou chamando assim porque uma empresa no vermelho se unindo a outra empresa no vermelho só pode dar vermelhão. A Varig também chegou a ter praticamente o monopólio do mercado internacional. E o que aconteceu? Quebrou. Não é ter uma grande aérea que assegura que ela não vá quebrar. Aliás, a Oi, que chegou a ser a maior telefônica brasileira, também quebrou e teve uma solução de mercado. A queda da Varig fez com que a TAM, que era uma empresa de Marília, virasse uma empresa nacional. Vieram a Gol e a Webjet. A solução é ter mais empresas concorrendo, participando e investindo nesse mercado, e não um duopólio.”

– Elas conseguem cortar custos se aprovada a fusão?Não vejo sinal de redução de despesas. O ajuste será feito ou aumentando o preço ou cortando rotas – e as duas coisas são ruins. Em resumo, vermelho com vermelho não dá azul.”

– Como as aéreas em dificuldades no pós-pandemia se resolveram mundo afora?Nos EUA, a Jetblue tentou se juntar com a Spirit, e o órgão de defesa da concorrência vetou. Depois, a Jetblue tentou se juntar com a American Airlines, e foi vetado de novo. Nos EUA, são cinco grandes empresas, e nenhuma companhia aérea tem mais de 18% do mercado. A situação que temos hoje no Brasil, com três, já não seria aceita nos EUA. As experiências recentes são na linha de mais concorrência. Portanto, soa a chantagem empresarial alegar que, se não for aprovada a fusão, a única hipótese para uma aérea será falir. A Latam é prova de que se pode sair da crise financeira sem fusão, a JetBlue e a Air Europa também não faliram. E, mesmo se falir, da Varig até a WebJet, o mercado não se concentrou em demasia; cresceu, e se voa hoje como nunca antes na história brasileira.” (Estadão Conteúdo)

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