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Brasil Um dos principais líderes da greve nacional dos caminhoneiros já concorreu a deputado federal pelo PSDB e é próximo de uma entidade patronal do setor

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Fonseca (Abcam) se apresenta como porta-voz da categoria. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Quando o governo do presidente Michel Temer se viu obrigado a sentar à mesa para negociar o fim da paralisação dos caminhoneiros, quem esteve no canto oposto representando os interesses dos grevistas foi José da Fonseca Lopes, presidente da Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros).

Antes mesmo do primeiro caminhão encostar na beira da pista, Fonseca, como é conhecido no meio sindical, já havia se apresentado como porta-voz da categoria. Uma carta assinada por ele alertou o governo para o risco de uma paralisação, recado ignorado pelo presidente. Mais tarde, com o país sentindo os primeiros efeitos do desabastecimento, Fonseca recusou o primeiro pacote de ofertas do Planalto, mas no domingo passado ele, enfim, deu o seu aval para o fim da paralisação.

A permanência de bloqueios e caminhões no acostamento das estradas, porém, levanta questionamentos sobre a representatividade do sindicalista. O que não se tem dúvidas é sobre seu bom trânsito no meio patronal das transportadoras e na militância política partidária.

O presidente da Abcam é filiado ao PSDB e já foi candidato a deputado federal pela sigla. Em 1998, Fonseca recebeu o número 4.589 para a disputa por uma vaga paulista na Câmara Federal. Conquistou 1851 votos, insuficientes para se eleger.

Quatro anos antes, ele já havia atuado como cabo eleitoral. Na disputa entre Mário Covas (PSDB) e Francisco Rossi (PDT) pelo governo de São Paulo, ele reuniu caminhoneiros para fazer uma grande caravana em favor do candidato tucano, que foi eleito. No ano seguinte, filiou-se ao partido do governador no diretório da cidade de Presidente Prudente. Sua filiação está ativa até hoje.

Trajetória

Fonseca começou a dirigir caminhões em 1960 e vinte e três anos mais tarde fundou a Associação Brasileira dos Caminhoneiros. Hoje, aos 76 anos, ele dirige uma entidade que diz ter 600 mil representados. Além da Abcam, ele também comandou a Fetrabens (Federação dos Caminhoneiros Autônomos de São Paulo) e o Sindtanq (Sindicato dos Transportadores Autônomos de Combustíveis de São Paulo).

Por circular com desenvoltura entre patrões, Fonseca foi chamado a assumir uma cadeira na vice-presidência da CNT (Confederação Nacional dos Transportes, uma entidade patronal) como representante dos transportadores autônomos de passageiros e de cargas. A relação com o patronato é tão harmoniosa que a sede da Abcam fica no prédio da CNT, em Brasília.

Fontes ligadas ao dirigentes relatam que ele mantém relação próxima com Clésio Andrade, presidente da CNT, mas a assessoria de Andrade diz que o presidente “tem apenas relações institucionais com os outros integrantes da confederação”. Andrade foi condenado a cinco anos e sete meses de prisão no mensalão tucano pelo crime de lavagem de dinheiro e disse que vai provar sua inocência em recurso.

Em meio à paralisação dos caminhoneiros, a CNT divulgou nota em que classificou como desproporcional a política de preços da Petrobras. Empresas do setor de transporte divulgaram apoio à paralisação dos caminhoneiros, o que levantou a dúvida sobre a prática de locaute, que é a participação de empresas e entidades patronais em paralisações e greves, o que é proibido por lei.

O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), a PF (Polícia Federal) e a PGR (Procuradoria-Geral da República) investigam se empresas e entidades patronais premeditaram a paralisação dos caminhoneiros. Uma lista com 21 alvos da apuração foi divulgada no domingo pela imprensa. José da Fonseca Lopes, a Abcam e a CNT estão entre os investigados.

Essa não é a primeira vez que Fonseca é alvo desse tipo de questionamento. Em 1995, como presidente do Sindtanq, ele foi porta-voz de uma ameaça ao governo: paralisar o transporte de cargas caso o Executivo federal não concedesse um reajuste no frete. O Palácio do Planalto, na ocasião, denunciou o locaute.

As greves passaram a fazer parte da vida de Fonseca em 1974. Colegas contam que no passado, quando liderava protestos com motoristas de caminhões tanques, ele costumava derramar óleo e atear fogo em pneus e até em rios. A prática incendiária foi ficando para trás, mas o protagonismo nas greves permanece.

 

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