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Um estudo apresenta uma alternativa para tratar a esquizofrenia

Casos como o da americana que acordou após 20 anos em estado catatônico apontam potencial no uso de imunoterapias para uma parcela dos pacientes. (Foto: Pixabay)

Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) conseguiu reduzir os sintomas negativos de pessoas com esquizofrenia.

Cem pacientes foram submetidos a dez sessões de estimulação cerebral elétrica e apresentaram melhoras permanentes seis semanas depois do tratamento: estavam menos apáticos e demonstravam melhor convívio social. O trabalho foi publicado no jornal da Associação Médica Americana de Psiquiatria.

De acordo com o médico psiquiatra Leandro Valiengo, primeiro autor do artigo, os sintomas da esquizofrenia são divididos em duas classificações: os positivos (aqueles que são adquiridos com a condição, como delírios e alucinações) e os negativos (caracterizados pelas habilidades que são perdidas após o início do quadro, como não conseguir demonstrar seus sentimentos e ter um comportamento apático).

“Os remédios que existem hoje tratam apenas os sintomas positivos. E os sintomas negativos são muito incapacitantes. Os pacientes, por exemplo, param de trabalhar e não voltam mais. Neste grupo de estudo, buscamos tratar os sintomas negativos naqueles pacientes que já estavam em tratamento para os sintomas positivos”, explica Leandro.

A técnica usada no estudo, conhecida como estimulação elétrica transcraniana por corrente contínua, estimula o córtex frontal esquerdo, área que está associada ao aparecimento de sintomas negativos. Esta região funciona menos nos pacientes com a doença e por isso é necessário estimulá-la.

“É uma importante novidade para tratar sintomas negativos, porque não há praticamente nenhuma opção terapêutica para tratar estes tipos de sintomas na esquizofrenia. Embora os sintomas positivos chamem mais atenção, os negativos estão ligados à cronicidade da doença e, por isso, é essencial tratá-los também”, afirma Elie Cheniaux, psiquiatra e coordenador o laboratório de pesquisa sobre transtorno bipolar da UFRJ.

Para que o tratamento seja considerado uma opção, o estudo precisa ser realizado por outros cientistas em outros países. Segundo Leandro, os resultados da estimulação podem trazer uma melhora ainda maior para os pacientes que também fizerem treinamentos de habilidades sociais com psicólogos:

“Vimos que os pacientes melhoravam, mas não sabiam bem como lidar com as novidades. Eles passaram a se expressar melhor, falar com mais entonação, mas ainda sentiam algumas dificuldades. Por isso, seria importante também fazer um treinamento de habilidades sociais.”

 

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