Segunda-feira, 21 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 30 de maio de 2019
A quantidade de trabalhos sofisticados porém incompletos de Leonardo da Vinci provavelmente indica que ele tinha déficit de atenção, transtorno tão comum na sociedade atual. Esta é a opinião do professor de psiquiatria da King’s College de Londres Marco Catani , que acredita que o TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) explica tanto a procrastinação crônica de DaVinci como a sua força criativa nas artes e nas ciência.
“Estou confiante de que o TDAH é a hipótese mais convincente e cientificamente plausível hipótese para explicar a dificuldade de Leonardo em terminar seus trabalhos”, argumentou Catani em um artigo científico publicado recentemente.
Mesmo a obra mais famosa do pintor italiano, a “Mona Lisa”, não está completamente acabada. Mais comumente identificado em crianças, o TDAH tem sido cada vez mais diagnosticado em adultos, incluindo pessoas com carreiras de sucesso. Sintomas incluem inabilidade em completar tarefas, devaneios e inquietude física e mental.
Ao apresentar sua hipótese na revista científica “BRAIN”, Catani aponta que registros históricos mostram a dificuldade de da Vinci em terminar tarefas o acompanhava desde a infância. Relatos de biógrafos e contemporâneos mostram que ele estava constantemente em ação, diz Catani, pulando de um trabalho para o outro. Como muitas pessoas com TDAH, da Vinci dormia pouco e frequentemente trabalhava sem parar noite e dia.
Especialista em TDAH, anatomia do cérebro e ciência da Renascença, Catani diz em sua análise que da Vinci gastava “tempo excessivo planejando projetos”, mas não perseverava.
“TDAH pode explicar aspectos do temperamento de Leonardo e sua estranha e mercurial genialidade”, ele fiz.
Registros históricos, Catani acrescenta, também mostram que Leonardo era canhoto e provavelmente tinha outras características de pessoas com déficit de atenção: dislexia e um predomínio linguístico do lado direito do cérebro.
Em uma entrevista por telefone, Catani lamentou que pessoas com TDAH sejam equivocadamente vistas como crianças conturbadas e com pouca inteligência. Ele espera que a sua análise de da Vinci sirva para combater esse estigma.
“Leonardo se considerava alguém que tinha falhado na vida — o que é incrível. Eu espero (que este caso) mostre que o TDAH não está associado a QI baixo ou falta de criatividade, mas sim à dificuldade de capitalizar talentos naturais”, afirmou.