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Brasil Um ex-diretor da OAS afirmou que a empreiteira pagou propina com o conhecimento do então chefe da Casa Civil Paulista e atual ministro das Relações Exteriores

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Aloysio afirmou que a acusação, no que diz respeito a ele, se tratava "pura e simplesmente de invencionice". (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O ex-diretor da OAS para obras do Rodoanel Sul em São Paulo, Carlos Henrique Barbosa Lemos, sugeriu que a empreiteira pagou propina ao ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como ‘Paulo Preto’, com o conhecimento do então chefe da Casa Civil Paulista e atual chanceler Aloysio Nunes Ferreira, a título de “caixa de campanha” e pelo intermédio da empresa Legend Associados, do empresário Adir Assad.

Procurado, Aloysio afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a acusação, no que diz respeito a ele, se tratava “pura e simplesmente de invencionice”.

Serviços de doleiros também foram utilizados para efetuar os supostos repasses de propinas, segundo Lemos. O depoimento foi obtido pelo jornal Valor Econômico. Adir Assad fechou acordo de delação premiada com a Operação Lava-Jato e responde a ações penais por corrupção e lavagem de dinheiro.

Segundo o relato de Lemos, que busca acordo de delação premiada e prestou depoimento espontâneo no ano passado ao grupo de inquéritos da PF (Polícia Federal) que conduz investigações de políticos com foro no Supremo Tribunal Federal, “Paulo Vieira de Souza exigia que todas as empreiteiras efetuassem o pagamento a título de formação de caixa de campanha no valor de 0,75% sobre cada recebimento da Dersa”.

A Dersa é uma empresa de economia mista para logística e transportes controlada pelo governo do Estado de São Paulo. O ex-diretor da OAS contou que os supostos valores pagos a Paulo Preto eram posteriormente lançados no centro de custo da obra, e que ele sabia que o setor financeiro da OAS utilizava doleiros para disponibilizar a entrega de dinheiro ao então diretor da Dersa.

O ex-diretor da OAS disse que após o atual senador José Serra (PSDB-SP) assumir o governo paulista, em 2007, todas as empresas que participavam de obras no Rodoanel foram chamadas a renegociar os respectivos contratos. O tema foi debatido em encontros ocorridos em hotéis de São Paulo, como o Blue Tree da Avenida Faria Lima, e também na sede da Dersa, conforme a versão do ex-diretor da OAS.

Carlos Henrique Barbosa Lemos falou ao delegado Luis Flavio Zampronha que Paulo Preto exigiu a renegociação dos contratos, alterando-os de preço unitário para preço global. Somente Odebrecht e Andrade Gutierrez concordaram com a mudança, segundo o ex-diretor da OAS. Ele disse que o tema acabou sendo levado ao sócio da OAS, Cesar Mata Pires Filho, porque havia o temor de que Paulo Preto não fosse de fato “representante fidedigno” do governo paulista, já que era “pouco conhecido”. Segundo Lemos, Paulo Preto então resolveu realizar uma reunião na sede do governo paulista, da qual teriam participado Aloysio e representantes das empreiteiras.

“Ao perceber que Aloysio Nunes Ferreira seguiu especificamente aquilo que havia sido informado por Paulo Vieira de Souza, o depoente não teve dúvidas de que este (Paulo Vieira de Souza) de fato falava em nome do governo de São Paulo”, registra o termo de declarações do ex-diretor da OAS, já remetido à Procuradoria-Geral da República. Segundo o ex-diretor da OAS, também participaram dessa reunião no Palácio dos Bandeirantes o então secretário de Planejamento, Francisco Vidal Luna, e uma pessoa que ele indicou no depoimento como procurador-geral do Estado e de cujo nome disse não se recordar.

Carlos Henrique Barbosa Lemos afirmou que no final de 2009 as empresas do consórcio do Rodoanel Sul estavam com dificuldades para fazer os pagamentos em dinheiro vivo a Paulo Preto. Seguindo ele, OAS, Mendes Júnior e Carioca Engenharia usaram um contrato mantido com a empresa Legend Associados, de Adir Assad, para viabilizar alguns dos repasses. De acordo com o ex-diretor da OAS, a sugestão de usar a Legend teria partido do próprio Paulo Preto. E que então foram feitos pagamentos para a Legend em valores superiores aos serviços de aluguel de máquinas que a empresa prestava, cabendo a Adir Assad retirar o restante do dinheiro e repassá-lo a Paulo Souza.

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