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Por Redação O Sul | 5 de julho de 2020
Um ex-secretário dos presidentes Nestor e Cristina Kirchner (2003-2015), procurado desde quinta-feira, foi encontrado morto neste sábado, 4, no sul da Argentina, em El Calafate, na província de Santa Cruz. A informação foi divulgada pelo juiz que investiga o caso, Carlos Narvarte, que detalhou que já está provado que se trata de um homicídio.
O corpo do empresário foi encontrado enterrado, embrulhado em um lençol, no terreno de uma casa da região turística, após as informações reveladas em depoimento dado por uma das quatro pessoas pressas no caso, segundo informações passadas pelo juiz à imprensa local.
Gutiérrez sofreu um golpe na cabeça e um corte com uma faca, relatou Narvarte, que detalhou que os motivos do assassinato não estão claros. Ele afirmou que poderia se tratar de um crime passional ou alguma discordância, já que um dos detentos era próximo à vítima.
Entre os quatro jovens presos no sábado de manhã, um rapaz de 20 anos teve em um relacionamento afetivo com Gutiérrez. Nenhum deles tinha antecedentes criminais.
O juiz informou também que, segundo as primeiras investigações, o homicídio foi realizado na casa do exsecretário de Cristina em El Calafate e depois seu corpo foi levado em um caminhão que pertencia ao empresário ao local no qual foi encontrado. Gutiérrez havia sido julgado em 2018 por lavagem de dinheiro e depois se declarou arrependido no conhecido “caso do caderno de notas”, sobre possíveis subornos pagos por empresários a funcionários do governo Kirchnerista.
O desaparecimento de Gutiérrez havia sido denunciado na última quinta-feira por sua mãe. Em uma batida em sua casa ontem à noite, foram encontrados “sinais e manchas de sangue”. Na manhã de hoje, quatro suspeitos de ligação com o crime foram detidos.
Homem de confiança
Gutiérrez foi um colaborador próximo do ex-presidente Néstor Kirchner, que morreu em 2010, e de sua esposa e sucessora, que ele conheceu em Santa Cruz, a província onde ambos os ex-chefes de governo desenvolveram suas carreiras políticas.
Ele foi primeiro o secretário particular de Néstor Kirchner, depois se demitiu momentaneamente para assumir o cargo novamente quando Cristina se tornou presidente, até 2010. Em 2017, a justiça abriu um processo contra Gutiérrez por suposta lavagem de dinheiro, e no ano seguinte foi julgado pelo juiz Claudio Bonadio.
Caso dos cadernos
Gutiérrez foi uma testemunha protegida no chamado “caso do caderno” sobre corrupção depois de aparecer para testemunhar na condição de “réu colaborador”, no qual ele relatou sobre supostas bolsas com dinheiro levado para a residência dos Kirchner em El Calafate e a rota da propina.
Em junho, um juiz anulou a acusação de Cristina Fernández e de vários ex-funcionários no caso, no qual a atual vice-presidente havia sido processado em 2018 acusada de liderar uma associação ilícita para coletar milhões de dólares de empreendedores de obras públicas.
Especificamente, o capítulo do caso em que ela foi desassociada, como alguns de seus antigos colaboradores, como o ex-ministro do Planejamento Federal Julio de Vido, investiga possíveis manobras do Grupo Techint, o maior conglomerado siderúrgico da Argentina, para pagar propina à liderança do então governo.
Nos últimos meses, várias decisões dos juízes aliviaram a situação do ex-presidente, cuja última ordem de prisão preventiva foi anulada em fevereiro deste ano. Meses antes, em dezembro, ela voltou ao poder, desta vez como vice-presidente, ao lado de Alberto Fernández, em chapa que derrotou Mauricio Macri, que tentava a reeleição.