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Notícias Um grupo de deputados novatos foi premiado com gabinetes em espaços melhores, até com vista para a Esplanada dos Ministérios

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Lira teria dado gabinetes a aliados em troca de votos. (Foto: Divulgação)

Deputados recém-eleitos para a legislatura que começa na próxima quarta-feira (1º) foram beneficiados com gabinetes reservados especialmente para eles pela gestão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PPAL), candidato a novo mandato à frente da Casa. Embora não tenha participado do sorteio feito pela Câmara para outros 116 deputados, em dezembro, um grupo de novatos foi premiado com espaços melhores, alguns com vista para a Esplanada dos Ministérios.

Lula da Fonte, eleito para seu primeiro mandato por Pernambuco, conseguiu o gabinete 626. Fica ao lado da sala ocupada por seu pai, Dudu da Fonte, o 628. O deputado disse ter participado do sorteio. Entretanto, o nome dele não foi mencionado no vídeo da distribuição dos gabinetes, que durou uma hora e meia. Questionado se havia tido sorte ao ficar ao lado do pai, Lula da Fonte respondeu: “É”.

Quatro andares abaixo, o jovem deputado Neto Carletto, da Bahia, vai se instalar no gabinete do tio, Ronaldo Carletto, que não disputou a reeleição. Na porta, pôs um adesivo da campanha do sobrinho. Os quatro deputados citados integram o PP, partido de Lira.

Além de Lula da Fonte, Neto Carletto e Max Lemos, não entraram no sorteio os deputados Guilherme Uchôa Júnior (PSBPE), Dal Barreto (União BrasilBA), Paulo Litro (PSD-PR), Diego Coronel (PSD-BA) e Rafael Prudente (MDB-DF). Diego é filho do senador Ângelo Coronel (PSD-BA) e Rafael, do ex-presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal Leonardo Prudente, flagrado pela Operação Caixa de Pandora, em 2009, guardando maços de dinheiro nos bolsos e na meia.

Líder do Centrão, o presidente da Câmara tem distribuído benesses a seus pares desde o fim do ano passado. O objetivo de Lira é se tornar o candidato mais bem votado da história da Câmara para ter maior poder de barganha nas negociações com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele já aumentou os auxílios combustível e moradia, além de ter reajustado o salário dos deputados em mais de R$ 7 mil, a partir de abril. O total de desembolso para os cofres públicos chega a R$ 70 milhões por ano.

Na última semana, o deputado eleito Max Lemos (PROS-RJ), um dos premiados com o novo gabinete, anunciou apoio à candidatura de Lira. Em uma rede social, Lemos afirmou que o presidente da Câmara “sempre se mostrou um líder disposto a ouvir todos os parlamentares”. Ex-deputado estadual no Rio, Lemos definiu Lira como “o presidente do Parlamento que trabalhou para unir a classe de políticos, sempre em defesa do crescimento do Brasil”.

Pouco antes da distribuição dos gabinetes, em dezembro, dez foram retirados do sorteio. Deste total, oito foram separados para aliados de Lira – sete dos quais com vista para os prédios do Congresso e da Esplanada. Dois ainda estão sob “reserva técnica”. Todos ficam no Anexo 4, o prédio de dez andares, conhecido como Serra Pelada, que abriga 432 dos 513 gabinetes. Os espaços têm banheiros privativos, acesso direto à garagem e medem de 43 a 47,5 m². Os outros possuem 37,7 m² e não dispõem de banheiros.

Demissão

A justificativa para a retirada dos gabinetes do sorteio foi a de “problemas técnicos”, com parecer do setor de engenharia da Câmara. A decisão causou problemas internos e levou à saída da diretora do Departamento de Apoio Parlamentar (Deap), Simone Sarkis. Ao não concordar com a manobra usada para remover os gabinetes do sorteio, Sarkis foi pressionada por superiores a pedir demissão.

O Boletim Administrativo da Câmara registrou que a analista legislativa foi dispensada “a pedido” em 19 de dezembro. O sorteio foi feito três dias depois, já com uma substituta no comando do departamento. Na ocasião, Fabiana Mircia Silva Amaral afirmou que havia 116 gabinetes livres, sem mencionar aqueles que haviam ficado de fora.

Doenças

Na tentativa de justificar prioridade para a escolha dos gabinetes, houve quem chegasse a alegar “doenças”, como sudorese excessiva e problemas no joelho. A preferência, porém, começa com ex-presidentes da Casa e continua com deputados com dificuldades de locomoção ou necessidades especiais, com idade igual ou superior a 60 anos e mulheres. Depois, titulares ou suplentes eleitos que tiveram mandato na legislatura vigente por período igual ou superior a um ano.

Caso haja empate em cada critério, o deputado mais idoso tem a preferência. Os oito premiados não tiveram mandatos na última legislatura e, por isso, não entraram na ordem de prioridade.

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