A Califórnia enfrentava nesta terça-feira (7) o maior incêndio de sua história, que já atingiu uma área no Norte do Estado equivalente à da cidade do Rio de Janeiro, e a expectativa é que o fogo continue na região até o final de agosto, segundo as autoridades.
O recorde aconteceu porque dois grandes incêndios florestais que atingiam a região, o River e o Ranch, se juntaram em um só, que as autoridades chamaram de Mendocino Complex, pois fica próximo da Floresta Nacional de Mendocino (cerca de 200 km ao norte de San Francisco).
O fogo já consumiu uma área de 1148,5 km², praticamente o mesmo tamanho da cidade do Rio ou de Los Angeles, e apenas 30% dele está contido, de acordo com o Calfire (Departamento Florestal e de Incêndios da Califórnia). Até o momento, o maior incêndio em área da história do Estado era o Thomas, que em dezembro de 2017 destruiu 1.140 km².
“Um sistema de alta pressão trouxe um clima mais quente, seco, e fortes ventos à região” disse o Calfire em seu último boletim, na noite de segunda (6). “As equipes de bombeiros tentarão aproveitar a queda da temperatura esta noite para aumentar o combate e manter as atuais linhas de contenção.”
Enquanto o incêndio River está 58% controlado, apenas 21% do Ranch foi contido, e o fogo segue se expandindo tanto ao norte quanto ao sul, superando tanto barreiras naturais quanto artificiais.
Cerca de 3.900 bombeiros ainda combatem as chamas com apoio de helicópteros e aviões, incluindo dois DC-10 e um 747 que lançam água sobre o fogo. O principal objetivo dos bombeiros é proteger as comunidades da região — no momento 9.300 prédios estão sob risco, 75 residências foram destruídas e a maior parte da população já foi retirada do local.
Apesar da área devastada, o Mendocino Complex não é o incêndio mais mortal na Califórnia neste momento.
O Carr, que atinge uma região próxima a capital, Sacramento, também no Norte, consumiu 660 km² (semelhante a área da cidade de Ribeirão Preto) e já deixou sete pessoas mortas, além de ter destruído 1.600 prédios. Ele é o sexto incêndio mais destrutivo da história da Califórnia e está 45% controlado.
A última vítima foi um trabalhador que morreu no domingo (5) quando reparava uma linha elétrica em uma área remota do condado de Shasta.
Outro grande incêndio, chamado de Ferguson, levou ao fechamento do turístico parque Yosemite, e está 38% sob controle.
Em todo o Estado, 14 mil bombeiros combatem 16 focos de incêndio, que no total já consumiram 2.370 km² (área equivalente a da baixada santista), e o temor é que a situação piore durante a temporada de incêndios, que termina em dezembro.
A onda de calor que atinge o hemisfério norte também causou incêndios na Europa, incluindo em Portugal, na Suécia e na Grécia, e deixou outros países em estado de alerta.
A previsão para esta semana na Califórnia é que as temperaturas continuem altas e a umidade baixa, o que pode contribuir para aumentar ainda mais as chamas.
O Pentágono anunciou que enviará 200 soldados para ajudar os bombeiros no combate aos incêndios, que já atingem terras federais. O governo americano já enviou também quatro aviões de carga adaptados com tanques.
O presidente Donald Trump disse que o Estado passa por um “grande desastre” e atribuiu a destruição causada pelas chamas às leis ambientais locais, sem mencionar as vítimas. “Os incêndios na Califórnia estão sendo maximizados pelas más leis ambientais, que não permitem a utilização adequada das grandes quantidades de água facilmente disponíveis”, afirmou ele no domingo.
O Estado é um dos principais defensores de uma legislação ambiental mais rígida no país, indo assim de encontro às ideias de Trump, que quer diminuir as regras sobre o assunto.