Domingo, 22 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 3 de julho de 2018
O sonho de avançar no Mundial chegou ao fim para a Dinamarca no último domingo, com a derrota nos pênaltis para a Croácia, após empate por 1 a 1 no tempo normal. Responsável por perder a última cobrança, o atacante Nikolai Jorgensen passou a sofrer com agressões verbais e até ameaças de morte através das redes sociais.
O atacante foi alvo de ofensas homofóbicas, entre outras publicações que o condenaram pelo pênalti perdido. “Vai se f…”, “você destruiu a Dinamarca, seu porco” e “morte ao Jorgensen” foram alguns dos comentários postados nas redes sociais do jogador do Feyenoord.
As ameaças geraram até posicionamento da Federação Dinamarquesa de Futebol, que defendeu o atleta. “Parem. Nossa sociedade nunca deve aceitar ameaças de morte”, afirmou a entidade, ressaltando que seja contra estrelas do Mundial, políticos ou outros, é algo “totalmente inaceitável e obsceno”. “Denunciamos este problema à polícia para colocar um fim nesta loucura”, comentou a federação.
No domingo, Dinamarca e Croácia ficaram no 1 a 1 ao longo dos 90 minutos, resultado que se estendeu na prorrogação. O jogo foi para os pênaltis, e aí brilhou a estrela do goleiro Subasic, que defendeu as cobranças de Eriksen, Schöne e Jorgensen, na tentativa derradeira.
Despedida
A eliminação da Dinamarca nas oitavas de final do Mundial também marcou a última página na trajetória de William Kvist com a camisa da seleção. O jogador anunciou na segunda-feira que não voltará a defender as cores de seu país.
Segundo o jogador, o Mundial se tornou a sua última experiência na equipe nacional. “Obrigado por muitos anos bons para jogadores, treinadores, dirigentes e fãs. Sempre amei cantar o hino nacional com vocês. Eu fiz o meu melhor”, escreveu o jogador de 33 anos em sua página no Facebook.
Kvist foi um dos personagens da Dinamarca neste Mundial. Logo na estreia, contra o Peru, sofreu uma fratura nas costelas que resultou na perfuração de um pulmão. Inicialmente dado como descartado para o resto do torneio, se recuperou bem e foi reintegrado ao elenco, mas não voltou a entrar em campo.
Revelado pelo Copenhagen, Kvist vestiu as camisas de Stuttgart, Fulham e Wigan ao longo da carreira, antes de voltar ao time dinamarquês em 2015. Após a queda para a Croácia no domingo, seu companheiro de seleção, Khron-Deli, já havia anunciado que não mais vestiria as cores do país.
Homenagem
Ao final da partida entre Croácia e Dinamarca, o goleiro Danijel Subasic tinha orgulho em mostrar a camiseta que usava por baixo de seu uniforme. Com a inscrição “Para sempre”, ele homenageava seu amigo de clube Hrvoje Custic, que morreu em abril de 2008 num acidente trágico de jogo.
O goleiro sempre usa a camiseta para manter viva a lembrança de Custic. Em uma partida pelo Zadar, em 2008, o atleta se chocou de cabeça contra um muro que ficava próximo ao campo. Foi hospitalizado, mas poucos dias depois morreu devido a uma grave lesão cerebral. Tinha somente 24 anos.
É a força da lembrança que move o goleiro desde então. Subasic, de 33 anos, atua no Monaco, da França. Ele teve uma atuação de gala nas cobranças de pênaltis, fazendo com que o arqueiro dinamarquês Kasper Schmeichel perdesse os holofotes, mesmo tendo defendido também três cobranças no jogo, uma delas na prorrogação.
Se do lado croata a situação era de festa e alegria, para o filho do lendário Peter Schmeichel (goleiro campeão da Euro de 92) o momento era de tristeza, até porque ele fez sua parte, mas o time não ajudou. Para ele, a eliminação de seu país gerou uma mistura de sensações. Tristeza pela derrota nas oitavas, mas felicidade pelo desempenho do time que, segundo ele, merecia continuar no torneio.
“É um sentimento estranho. Há uma enorme decepção, mas também um grande orgulho em nosso desempenho. Tivemos a oportunidade e acho que fomos a melhor equipe no segundo tempo. É difícil colocar todas as emoções em palavras neste momento”, avaliou o goleiro do Leicester, eleito o melhor do jogo.