Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 22 de outubro de 2020
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta quinta-feira (22) em uma transmissão ao vivo ao lado do presidente Jair Bolsonaro que “é simples assim: um manda e o outro obedece”.
Na quarta (21), o presidente desautorizou o ministro, ao mandar cancelar o protocolo de intenções de compra de 46 milhões de doses da vacina CoronaVac, anunciado no dia anterior por Pazuello em uma reunião com governadores.
A vacina é desenvolvida pelo Instituto Butantan, de São Paulo, e pela farmacêutica chinesa Sinovac. Bolsonaro é adversário político do governador paulista, João Doria (PSDB) e vem colocando restrições à compra do imunizante da China.
Segundo o blog do jornalista Valdo Cruz, Bolsonaro sabia da negociação para a compra da vacina, mas voltou atrás após sofrer pressão de apoiadores em redes sociais. O episódio provocou mal-estar entre militares, já que Pazuello é um general da ativa do Exército, de acordo com o blog de Andréia Sadi.
“Não compraremos a vacina da China”, escreveu o presidente em uma rede social na manhã de quarta. À tarde, durante visita a um centro militar da Marinha, em Iperó (SP), afirmou: “O presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade.”
Na transmissão desta quinta, Bolsonaro disse a Pazuello, diagnosticado com a covid-19: “Semana que vem, talvez, com toda certeza, tu volta para o batente aí.”
Pazuello, então, respondeu: “Pois é, estão dizendo que não, né? Tamo junto”.
Bolsonaro, por sua vez, acrescentou: “Falaram até que a gente tava brigado aqui. Pô, no meio militar é comum acontecer isso aqui, tá certo? É choque das coisas, não teve problema nenhum”.
Pazuello, na sequência, declarou: “Senhores, é simples assim: um manda e o outro obedece. Mas a gente tem um carinho, entendeu? Dá para desenrolar, dá para desenrolar”.
Enquanto Pazuello falava, Bolsonaro ria, colocando a mão sobre o ombro do ministro da Saúde. O presidente, em seguida, disse: “Opa. Tá pintando um clima aqui”.
Bolsonaro repetiu que considera Pazuello “um dos melhores ministros da Saúde que já tivemos”.
O presidente aproveitou a transmissão em suas redes sociais para recomendar o uso de hidroxicloroquina, medicamento sem eficácia comprovada para covid-19. A defesa da droga veio após Pazuello afirmar que passou a se sentir melhor depois de ingerir um coquetel de medicamentos, incluindo, segundo ele, a hidroxicloroquina.
“É mais um caso que a hidroxicloroquina deu certo”, argumentou o presidente. “Alguns reclamam que a hidroxicloroquina não tem comprovação científica, não tem para o covid”. Pazuello afirmou que os testes com a droga estão avançando e que ela “caminha” para a comprovação.