Estudos científicos conduzidos por especialistas norte-americanos em cardiologia garantem a eficácia de uma técnica minimamente invasiva em pacientes com estenose aórtica, menor idade e risco cirúrgico. O material foi publicado na edição do “New England Journal of Medicine” (EUA) do último sábado.
Antes, o procedimento conhecido como “Implante Transcateter de Valva Aórtica” era restrito a idosos acima de 80 anos, portadores de doenças associadas e risco elevado para cirurgia convencional – que exige abertura do tórax e paralisação forçada do coração, a fim de inserir a nova válvula aórtica.
Os médicos que atuam na área cardiovascular acreditam que estes resultados mudarão a conduta adotada até agora para a maioria das pessoas com estreitamento grave na válvula aórtica.
Porto Alegre é centro de referência nesse tipo de implante desde 2012, quando o médico, professor e pesquisador gaúcho Eduardo Keller Saadi se destacou na prática do procedimento menos invasivo em idosos com riscos. Ele foi o primeiro cirurgião cardiovascular brasileiro a receber certificação para implante de válvula transcateter CoreValve (uma das próteses testadas nos estudos) e já acumula um know-how de dez anos nesse método.
Segundo a assessoria de imprensa do médico, pacientes até mesmo de países vizinhos têm buscado o procedimento na capital gaúcha. Agora, garante, a conclusão dos novos testes em cardíacos mais jovens e com menor risco cirúrgico deve gerar um aumento nessa procura.
“Além de ser um método menos agressivo, o procedimento ocupa menos tempo no centro cirúrgico, podendo ser realizado com anestesia local”, assegura Saadi. “Demanda menos dias de internação, proporciona recuperação mais rápida, oferece mais conforto para o paciente e diminui a ocorrência de sequelas derivadas da cirurgia-padrão.”
Doença
A estenose aórtica se caracteriza por uma calcificação da válvula aórtica, impedindo o fluxo normal do sangue do coração para a aorta, artéria que leva o sangue para todo o corpo. Pode-se comparar com uma torneira (ou mangueira) entupida que, ao abrir, passa pouca água.
As principais manifestações são angina (dor no peito), insuficiência cardíaca e desmaios. A morte súbita é frequente quando a estenose é grave e os pacientes apresentam sintomas.
Saadi explica que muita gente tem a doença e não sabe: “Por muitos anos, ela cursa silenciosa e não dá sinais. Apesar de desconhecida pela maioria da população, é uma enfermidade cardíaca frequente que afeta mais de 200 mil brasileiros. Atinge cerca de 6% das pessoas com mais de 75 anos.
Causas
– Cardiopatia congênita (valva aórtica bicúspide);
Acúmulo de cálcio na válvula aórtica;
Febre reumática;
Doença renal crônica.
Prevenção
– Tratar pressão alta, obesidade e colesterol alto;
– Prevenir a febre reumática;
– Cuidar dos dentes e gengivas, diminuindo o risco de endocardite).
(Marcello Campos)