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Mundo Um museu nos Estados Unidos conta a história da temida KGB, a agência de espionagem e polícia secreta da extinta União Soviética

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Localizada em Nova York, instituição conta com objetos utilizados por agentes russos. (Foto: Reprodução)

“Esse é um guarda-chuva búlgaro; já ouviu falar?”, perguntou Agne Urbaityte, apontando para um guarda-chuva azul exposto em um mostruário de vidro. No topo dele, uma agulha era visível. “O guarda-chuva é uma arma”, ela afirmou. “Apertando aquele botão, a agulha aparece e dispara um jato do veneno ricina, que continua a ser o veneno mais potente do planeta.”

Por sorte, a peça era só uma reprodução. Foi o tipo de arma usada para executar o escritor búlgaro dissidente Georgi Markov, em um ataque realizado em uma ponte de Londres (Inglaterra) em 1978, cerca de uma década depois da deserção dele para o Ocidente. Houve muita especulação sobre o possível envolvimento da KGB no caso.

Urbaityte, 29 anos, estava parada diante de uma parede do KGB Spy Museum, recentemente inaugurado no bairro nova-iorquino de Chelsea. O espaço, amplo, documenta a ascensão do Komitet Gosudarstvennoy Bezopasnosti (“Comitê de Segurança do Estado”), mais conhecido pela sigla KGB, a agência de espionagem e polícia secreta da extinta União Soviética (1917-1991).

E um arquivo da KGB recentemente tornado público revelou os nomes de 4.141 letões que podem ter sido informantes secretos dos soviéticos. Mas Urbaityte declarou que o museu é apolítico. “É histórico e trata do progresso tecnológico; não se pode apagar os fatos da história”, disse, sentada ao lado de seu pai, Julius Urbaitis, 55. Os dois são curadores da nova instituição.

O KGB Spy Museum representa a culminação de três décadas de trabalho como colecionador por parte de Urbaitis. Inicialmente, seu interesse eram artefatos da Segunda Guerra Mundial, mas quando adquiriu um dispositivo de escuta que pertenceu a Adolf Hitler, a espionagem começou a fasciná-lo. A família vem da Lituânia, onde fundou um museu chamado Atomic Bunker, em 2014 – a instituição ficava literalmente num “bunker” de proteção contra ataques nucleares. “Meu pai tem espírito de colecionador”, disse Urbaityte.

Alguns dos objetos do Atomic Bunker foram transferidos ao novo museu. Cerca de metade dos itens da coleção, que combina artefatos originais e cópias, são propriedade da dupla de pai e filha. Os demais foram adquiridos separadamente pelos curadores. Urbaityte e Urbaitis não são donos do museu, que é privado e tem fins lucrativos. Os proprietários preferem se manter anônimos.

O museu não hesita em mostrar as táticas cruéis da KGB. Longe disso: há peças interativas, como o modelo de uma cadeira usada em interrogatórios. “Se as pessoas quiserem, podemos amarrá-las”, disse Urbaityte, em tom brincalhão.

Visita

A visita começa com a reprodução da sala de um oficial de espionagem. Um manequim vestindo o uniforme de um oficial da KGB está sentado à mesa, com a bandeira da União Soviética por trás dele. À esquerda do manequim fica uma luminária de bronze que, de acordo com os curadores, foi parte do mobiliário de uma casa de campo que pertenceu ao ditador soviético Josef Stálin.

Ao lado, cartazes de propaganda soviéticos decoram uma parede. Um dos itens mais antigos presentes no local é uma mesa telefônica de 1928. O operador do equipamento foi quase certamente recrutado pelo NKVD, o serviço de polícia política russo que precedeu a KGB, de acordo com uma descrição da peça.

O museu também abriga as portas originais de uma prisão da KGB, em uma sala dos fundos. A descrição que acompanha as peças diz que “as pessoas que não aceitavam bem o processo de interrogatório, psicologicamente, eram colocadas em celas acolchoadas e recebiam diversos medicamentos que transformavam uma pessoa politicamente idealista em um vegetal”.

Muitas das peças do museu tentam mostrar exatamente como a KGB conduzia suas atividades, especialmente as de vigilância. Diversos mostruários de vidro mostram como os agentes instalavam câmeras e escutas – em anéis, relógios, fivelas de cintos, abotoaduras, peças de louça e outros objetos.

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