Sábado, 28 de setembro de 2024

Porto Alegre
Porto Alegre, BR
17°
Fair

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Mundo Um novo ano se inicia para o Brics: formado originalmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, terá também Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Egito entre seus membros

Compartilhe esta notícia:

A Argentina retirou sua adesão na semana passada. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Um novo ano se inicia com uma nova fase para o Brics e para o tabuleiro político internacional. Atualmente, o grupo — formado originalmente por Brasil, Rússia, Índia e China e, desde 2011, pela África do Sul — terá também Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Egito entre seus membros. Com a expansão, o clube de países emergentes passa a representar 27% do PIB mundial e 43% da população do planeta.

A Argentina retirou sua adesão na última sexta. Ainda na campanha presidencial, o presidente ultradireitista Javier Milei declarou que não se alinharia a “comunistas”, termo que então se referia a alguns dos países do Brics. A decisão não surpreendeu Brasília, mas é um revés para o governo brasileiro, que inicialmente foi contra a expansão por temer a diluição de seu poder. Voto vencido quanto à ampliação do grupo, a presença do aliado sul-americano ao menos atendia aos interesses regionais do Brasil e representava uma tentativa de equilibrar as forças internas ante uma liderança natural da China.

Para alguns analistas, a natureza predominantemente econômica na qual o Brics se baseava quando foi fundado deu lugar a uma força antagônica à hegemonia dos Estados Unidos, sobretudo com o acirramento das tensões entre Pequim e Washington nos últimos anos — embora alguns membros do próprio grupo, como Brasil e Índia, tentem afastar tal ideia. Nesse sentido, uma das principais agendas é promover a desdolarização da economia global.

Um dos defensores mais vocais da desdolarização é o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que no ano passado criticou a predominância do dólar em mais de uma ocasião. Para Maurício Santoro, cientista político e professor de Relações Internacionais da Uerj, “um mundo com mais opções além do dólar” seria interessante para o Brasil, que tem Pequim como maior parceiro comercial — embora menos de 1% das transações brasileiras sejam feitas em yuan, contra 90% em dólar.

“Se a gente passar a fazer a maior parte do comércio com a China na moeda chinesa, isso vai baratear os custos de transação”, afirma Santoro, destacando que a manobra também facilitaria a inserção de empresas brasileiras no mercado financeiro chinês. “Para o Brasil, há benefícios econômicos e também políticos dentro da visão do presidente Lula, que quer dar ênfase nas relações com países do Sul Global.”

Segundo Daniel Sousa, economista e apresentador do podcast Petit Journal, outra vantagem é o aumento do poder de negociação.

“No caso de países como o Brasil e a Índia, que não têm uma ambição de impor as suas moedas como hegemônicas, se o sistema se tornar multipolar, aumenta a capacidade deles de barganha”, analisa. “Os americanos chegaram a declarar quando houve a expansão [do Brics] que “isso não nos preocupa”. O que é a maior prova que preocupa, porque se não preocupasse, não falariam nada.

Para Sousa, “a moeda é um dos braços do projeto político hegemônico” americano. “Ao conseguir emplacar a dolarização, o primeiro benefício é que os EUA não tão sujeitos à flutuação cambial: como tudo é cotado em dólares, os americanos lidam com uma variável a menos de risco”, explica o economista.

Além disso, a dolarização concede aos EUA um enorme poder de influência sob a dinâmica do sistema financeiro internacional, determinando quando há mais ou menos dinheiro em circulação. Segundo Sousa, o país ainda se posiciona naturalmente como um dos principais financiadores e emprestadores mundo afora através do Fundo Monetário Internacional (FMI), no qual detém a maioria das cotas.

“Os EUA conseguem influenciar a agenda de outro país porque ele depende dos americanos. E, claro, estar fora dessa agenda quando o dólar é a moeda de referência tem um peso.”

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, o uso da moeda americana como arma política ganhou novos contornos a partir do congelamento das reservas russas em bancos ocidentais e a expulsão do país do principal sistema de pagamento internacional, o Swift. Como efeito, Moscou e seus parceiros precisaram encontrar alternativas para continuar suas operações, o que acabou impulsionando o uso de moedas locais, sobretudo a chinesa.

“A guerra aproximou a China e a Rússia. Por exemplo, as exportações de petróleo para a China feitas pela Rússia são pagas hoje em yuan num sistema paralelo administrado pelo Banco da China”, explica Alexandre Costa, ex-consultor da instituição, doutor em Relações Internacionais e secretário da International Political Science Association.

Segundo Santoro, as sanções à Rússia deixaram uma “lição muito amarga” de que não se pode confiar no dólar, motivando uma busca por “outra ferramenta que não esteja sujeita ao poder dos Estados Unidos”: “As lições estão sendo compartilhadas por países como a China. Se daqui a cinco ou dez anos o país entrar numa guerra contra os EUA por causa de Taiwan, Pequim quer evitar que seus ativos em dólar no exterior passem por um confisco semelhante. O mesmo vale para o Irã, que tem um longo histórico de conflitos com o Ocidente.”

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Mundo

Japão remove alerta de grande tsunami após terremoto de magnitude 7,6
Entenda como Trump pode ficar de fora das eleições para presidente em alguns Estados norte-americanos
https://www.osul.com.br/um-novo-ano-se-inicia-para-o-brics-formado-originalmente-por-brasil-russia-india-china-e-africa-do-sul-tera-tambem-ira-emirados-arabes-unidos-arabia-saudita-etiopia-e-egito-entre-seus-membros/ Um novo ano se inicia para o Brics: formado originalmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, terá também Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Egito entre seus membros 2024-01-01
Deixe seu comentário
Pode te interessar