Quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 29 de janeiro de 2019
Uma autoridade religiosa do Vaticano apresentou sua renúncia depois que uma ex-freira o acusou publicamente de tê-la assediado sexualmente durante confissões, anunciou a Santa Sé em um comunicado divulgado nesta terça-feira (29).
O padre austríaco Hermann Geissler renunciou a seu cargo na Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), que zela pelo dogma católico e examina os casos de abusos sexuais do clero.
“O padre Geissler tomou essa decisão para limitar os danos já causados à Congregação e à sua comunidade”, explica o comunicado da CDF.
Ao final de um processo canônico já concluído, Geissler recebeu em 2014 uma advertência por assédio à ex-freira alemã Doris Wagner, informou o jornal francês La Croix. Naquela época, ele reconheceu os fatos, de acordo com o jornal.
Wagner, uma filósofa e teóloga alemã de 34 anos, relatou recentemente em Roma as agressões e abusos sexuais que sofreu durante seus oito anos de vida religiosa, e divulgou um vídeo nas redes sociais.
A freira alemã diz ter sido estuprada por um padre em 2008, fato que denunciou a um superior em Roma.
Então foi assediada por outro padre que pediu para ser seu confessor, o padre Geissler.
“Ficava horas ajoelhada diante dele. Ele dizia que me amava e que sabia que eu o amava também, e que embora não pudéssemos nos casar, havia outros meios”, explicou.
Um dia, “tentou me agarrar e me beijar. Fiquei assustada e fugi”, narrou. Quando pediu para trocar de confessor, sua superiora afirmou que estava ciente de que esse padre gostava de garotas jovens.
Em 2012, após deixar a vida religiosa, Wagner denunciou os dois padres perante a Congregação para a Doutrina da Fé.
Aquele que a estuprou, que trabalhava na secretaria de Estado, foi demitido do Vaticano, mas continuou sendo padre em uma comunidade na qual “vivem muitos jovens freiras”, denunciou Wagner.
Celibato
O papa Francisco rejeitou claramente na segunda-feira (28) o questionamento do celibato dos padres feito por alas da Igreja Católica e afirmou que essa condição não pode ser “uma opção”.
“Pessoalmente, acho que o celibato é um presente para a igreja. Em segundo lugar, eu não concordo em permitir que o celibato seja opcional”, declarou o papa, questionado sobre o possível casamento de padres ou a ordenação de homens casados dentro do rito romano da Igreja Católica.
No entanto, ele considerou “algumas possibilidades para lugares muito remotos”, mencionando as ilhas do Pacífico ou a Amazônia quando “existe uma necessidade pastoral”.
“É algo em discussão com os teólogos, não é uma decisão minha”, acrescentou cautelosamente.