Cláudia Fam Carvalho Um panorama sobre a pandemia do coronavírus
Por Redação O Sul | 25 de março de 2020
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Se ontem as notícias no mundo já eram extremamente preocupantes, hoje o
Brasil está ainda mais apreensiva. As declarações do presidente Bolsonaro,
ao meu ver, foram extremamente perigosas.
Bolsonaro foi muito importante para uma mudança no país, admiro em muito sua coragem, honestidade e escolha de ministros com viés técnico, e não político.
Porém, nesse momento de crise mundial, não tem capacidade de entender a gravidade da situação e deveria se manter alinhado com o ministro Mandetta. O que o Trump disse ontem, quanto ao retorno ao trabalho e sobre o remédio não poder ser mais duro do que a própria doença.
Foi exatamente o que disse o ministro Mandetta no domingo, em sua coletiva. Todos nós teremos que manter o essencial funcionando: serviços de alimentação, saúde, transporte de alimentos e daí por diante.
Isso significa “bom senso” nas palavras do ministro, meu mais novo ídolo. Todos nós queremos manter a economia girando e crescendo, porém temos que ter organização e tempo, justamente para preparar serviços de saúde, respiradores, capacitar médicos, buscar tratamentos medicamentosos.
Certamente não é uma “gripezinha”. A Inglaterra já adotou estratégia mais liberal quanto ao confinamento e teve que recuar. Se liberarmos o isolamento nesse momento, será a seleção natural de Darwin. Somente os mais fortes sobreviverão: os mais jovens, mais ricos, mais espertos.
Não precisamos disso nesse momento, sigo com esperança na nossa capacitação técnica, nos medicamentos e estratégias de desacelerar o número de casos para que o sistema de saúde consiga dar atendimento digno a todos ou quase todos. Sigamos firmes e confiantes.
Cláudia Fam Carvalho Médica Psiquiatra e Psicoterapeuta Membro da APRS (Sociedade de Psiquiatria do Rio Grande do Sul) e do Celg (Centro de Estudos Luís Guedes).
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