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Ali Klemt Um peso, várias medidas

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O ministro do STF Alexandre de Moraes (Foto: Antonio Augusto/STF)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Nosso iluministro concedeu prisão domiciliar a Chiquinho Brazão, o cara que é réu por suspeita de ter assassinado Marielle Franco em 2018. O argumento? Alexandre de Moraes tomou a decisão com base em um artigo do CPP (Código de Processo Penal) que prevê a possibilidade de prisão domiciliar no caso de o preso estar “extremamente debilitado por motivo de doença grave”. Então, vá lá: o cara matou alguém, um dos casos mais rumorosos do país, e vai pra casa. Buenas, tá na lei.

Pausa dramática. Lá atrás, em 2009, quando foi publicada a Lei da Transparência – que não tem nada a ver com a lei penal -, todos nós caímos nesse conto de que as contas públicas seriam, enfim, transparentes. Parecia o ápice da limpeza moral pela qual o país tanto ansiava. O governo era o Lula, e muitos de nós acreditamos que a Lei Complementar 131, cujo objetivo é que a União, os Estados e os municípios divulguem seus gastos na Internet em tempo real (e também prevê incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; e determina que seja feita a adoção de sistema integrado de administração financeira e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade). Tudo lindo. Tudo maravilhoso. O objetivo é nobre, e eu adoro que tenhamos essa percepção quanto à importância do acesso aos gastos públicos. Afinal, somos eu e você que os bancamos.

Enquanto isso, o Brasil viveu. Bem ou mal, anos foram se passando, e o que tínhamos por noção de transparência, a meu ver, transcenderia os gastos públicos e alcançaria os ATOS públicos. Afinal, se é funcionário público, pagamos nós o salário. E , se assim o é, posso questionar, sim, os atos decorrentes desse cargo.

Voltemos à prisão domiciliar do tal Chiquinho. Apelido ridículo, aliás, para alguém envolvido em um assassinato. Mas ok, essa não é a questão. Chiquinho está mal. Muito mal, pelo visto, Vai responder ao processo em casa porque, afinal, pode sofrer um mal súbito e morrer.

Olha, eu não quero que o Chiquinho morra. Não sem pagar a sua pena, se ela for devida. O que me incomoda nessa história toda.. nem é o Chiquinho (apelido ridículo para um possível homicida). O que me incomoda é o fato de esse cara poder ir para casa, enquanto passamos dois anos gritando para a “terrorista do batom” – sim, aquela sobre a qual já falei tantas vezes, presa por dois anos por ter escrito “perdeu máne’”em um estátua no oito de janeiro de 2023 – ter voltado para casa (em prisão domiciliar também, lembre-se) somente agora! O que me chateia é termos uma senhora com mais de 74 anos e cadeira de rodas (Violeta Guardia o nome dela) ainda presa. Lembrando que isso ainda não tem processo com trânsito em julgado. Isso sem falar no Clezão que, convenhamos, morreu em uma situação de prisão irregular – mas fiquemos por aí. Isso sem ir muito adiante, mas fazendo um “pit stop” em um dos vídeos mais nonsense dos últimos tempos, que foi o de dicas de filmes por Sergio Cabral – ex-governador do Rio de Janeiro que, se esbaldando em sua piscina com a icônica vista do Rio de Janeiro, dá dicas de filmes que ele assiste em sua prisão domiciliar.

A minha revolta? Simples. um potencial assassino vai para casa. Um corrupto vai para casa. Manifestantes definham na prisão. Faz sentido para você? Só faz se você acreditar que esses manifestantes queriam um golpe de estado, agarrados em suas bandeiras, batons e máquinas de pipoca. Só faz sentido se você, cego pela ânsia do argumento político, precisar agarrar um fiapo de argumento para justificar que pessoas idôneas – muitas, aliás, idosas – abririam mão de suas vidas por um golpe de estado claramente idiota.

Idiota – com todo respeito – é quem acha que aquele movimento ridículo e caótico foi um projeto de golpe. Ah, me poupa! Mas, mais idiota, é quem acredita que há justiça em um país que, enquanto discute essa bobagem toda, solta um cara que mandou matar uma vereadora.

Eu repito: está tudo errado. Só não vê quem não quer.

Ali Klemt

@ali.klemt

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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