O piloto sênior da Boeing, Mark Forkner, levantou preocupações sobre o sistema de controle de voo do 737 MAX há três anos. Entretanto, a empresa não alertou os órgãos reguladores federais de transporte até 2019, de acordo com a Administração Federal de Aviação.
Em uma troca de mensagens instantâneas em 2016, entre Mark, piloto técnico chefe da Boeing na época, e um colega chamado Patrik Gustavsson, pareciam discutir as modificações do sistema de controle de voo da fabricante de aviões, conhecido como MCAS.
Eles compararam notas sobre os problemas encontrados nos simuladores de voo 737 MAX. De acordo com uma transcrição das mensagens revisadas pelo The Wall Street Journal, e Forkner descreveu alguns dos comportamentos simulados da aeronave como “graves”. Aparentemente, referindo-se a mudanças no sistema, Forkner escreveu: “Então eu basicamente menti para os reguladores, sem saber.”
Na época, os reguladores da FAA estavam no processo de certificar o 737 MAX como seguro para transportar passageiros. “Não era mentira, ninguém nos disse que era esse o caso”, respondeu Gustavsson.
De acordo com uma carta enviada pelo diretor da Administração Federal de Aviação para a Boeing, na última semana, a fabricante de aviões descobriu as mensagens em fevereiro deste ano, meses depois que um Lion Air 737 MAX caiu na Indonésia e cerca de um mês antes de outro jato operado pela Ethiopian Airlines cair, matando todos a bordo.
Trezentos e quarenta e seis mortos em dois desastres aéreos, em um período de cinco meses, envolveram esta aeronave da companhia aérea americana. O primeiro acidente ocorreu na Indonésia e o segundo em Adis Abeba, ambos logo após a decolagem.
A carta de Dickson disse que a Boeing não revelou a existência das mensagens à FAA até esta semana e exigiu que a fabricante de aviões fornecesse uma explicação imediata para o atraso.
O diálogo sugere que os pilotos da Boeing podem ter encontrado alguns dos problemas que eventualmente levaram aos dois acidentes, que juntos tiraram 346 vidas. O MCAS foi implicado em ambas as falhas.
Várias empresas aéreas pelo mundo suspenderam a operação desta aeronave.
A polêmica do Boeing 737 MAX
O mega modelo da Boeing foi proibido de voar em abril deste ano, por agências de todo o mundo, após se envolver em dois acidentes fatais em um período de cinco meses.
Em outubro de 2018, um avião da companhia Lion Air com 189 pessoas a bordo caiu no mar poucos minutos após decolar do Aeroporto de Jacarta, capital da Indonésia. Meses depois, em março de 2019, um avião da Ethiopan Airlines caiu seis minutos após a decolagem, entre a Etiópia e o Quênia, deixando 157 mortos.
O piloto reportou problemas à torre de comando e pediu permissão para retornar ao aeroporto, mas logo perdeu o contato com os controladores.
Este ano, as agências de aviação de nove países, incluindo a Agência Nacional de Aviação Civil, se reuniram para discutir a questão do Boeing 737 MAX. O grupo contou com especialistas da Austrália, Canadá, China, União Europeia, Japão, Indonésia, Cingapura e Emirados Árabes Unidos.
Sob duras críticas a respeito do projeto do 737 MAX e da forma com que a Boeing lidou com a crise, o presidente-executivo disse estar “vendo ao longo do tempo cada vez mais convergência entre os reguladores”, sobre quando a aeronave deve retornar ao serviço.