Quinta-feira, 06 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 26 de junho de 2019
O senador republicano John Thune, considerado um dos mais influentes no Congresso dos EUA, está preparando um projeto de lei que garantiria a usuários de plataformas como Google e Facebook a opção de desfrutar do serviço sem algoritmos determinando que tipo de conteúdo eles veem.
“Os poderosos mecanismos por trás dessas plataformas, criados para aumentar o engajamento, também tem a habilidade, ou ao menos o potencial, de influenciar pensamentos e comportamentos de bilhões de pessoas”, disse Thune na terça-feira (25), em uma audiência de um subcomitê do Senado que discute “tecnologias persuasivas”.
A opinião do senador, número dois da hierarquia do partido na Casa, representa uma frente relativamente nova na crescente atenção de Washington sobre o impacto das grandes plataformas de tecnologia sobre os consumidores. Legisladores começam a olhar os algoritmos que definem o funcionamento dessas plataformas como um alvo potencial de regulação e como uma forma de lidar com conteúdo polêmico, como discurso de ódio e desinformação.
Thune citou uma reportagem feita em abril sobre o puco empenho do YouTube, que pertence ao Google, em combater conteúdo falso, incendiário e tóxico, uma vez que isso aumenta o número de visitantes e o tempo que estes passam na plataforma. segundo o senador, a matéria demonstrou que “o uso de algoritmos e inteligência artificial para otimizar o engajamento pode ter um lado potencialmente perigoso”.
O senador, que representa o estado de Dakota do Sul, disse que sua lei pode permitir que os usuários impeçam que a plataforma use seus próprios dados para selecionar conteúdo.
“O Congresso tem um papel a desempenhar na garantia de que empresas tenham a liberdade para inovar, mas de uma forma que mantenha o bem estar e o interesse do consumidor como norte de seu progresso”, disse Thune.
Maggie Stanphill, diretora de Experiência do Usuário do Google, também falou na audiência do subcomitê. Ela negou que a empresa use “tecnologia persuasiva”, mas reconheceu que maior transparência na forma como os algoritmos decidem o que os usuários veem seria “um passo importante”. Ela também considerou que o aumento da supervisão humana nas decisões sobre conteúdo também seria algo bom.
Recentemente o YouTube fez alterações no algoritmo que recomenta o conteúdo para reduzir as visualização de material problemático. Segundo Stanphill, os vídeos que deixaram de ser recomendados estavam no limiar de “violar as políticas da empresa ou espalhar desinformação”.
O senador democrata Brian Schatz, que também integra o subcomitê, reagiu com ceticismo às declarações de Stanphill, dizendo que as empresas devem assumir “responsabilidade legal e financeira” pelo comportamento dos algoritmos. Em entrevista após a audiência, Schatz disse que o subcomitê tinha convidado a CEO do YouTube, Susan Wojcicki, mas que o Google mandou Stanphill no lugar dela, e a diretora deixou de responder a várias perguntas alegando que os temas estavam fora de sua alçada. Schatz queria que os principais executivos das empresas estivessem presentes.
O Google não comentou as críticas do senador.