Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 12 de outubro de 2018
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
As eleições de 2018 têm sido protagonizadas por mudanças. Os resultados das urnas do primeiro turno refletem a consciência da população brasileira da necessidade de transformações no cenário político para que o Brasil consiga prosperar.
No embate presidenciável, o primeiro turno colocou em destaque, com mais de 49 milhões de votos, o candidato de um partido que não tinha nenhuma cadeira ocupada no Senado até então e que cresceu de 1 para 52 vagas na Câmara. Já o partido do presidente da República por quatro mandatos seguidos obteve mais de 15 milhões de votos a menos do que o primeiro colocado, bem como perdeu 13 cadeiras de deputados federais e 7 senadores.
No último domingo, dia 7, foram eleitos 513 deputados federais, sendo que mais de 50% destes não foram reeleitos, apesar da candidatura. Os partidos que mais reelegeram representantes para a Câmara foram os mais tradicionais, que tiveram pouca renovação dentre seus representantes. Já no Senado, 75% dos candidatos que tentaram a reeleição não obtiveram sucesso. Em contrapartida, alguns partidos que antes não tinham representantes no Senado colocaram um número expressivo de representantes, como a Rede, o Novo, o PSL e o Pode.
Essa dança de cadeiras entre os partidos vem aumentando ao longo dos anos. Em 2002, 15 partidos elegeram deputados federais, e neste ano elegemos 30 partidos diferentes. Uma maior diversidade de opiniões e ideologias irá fomentar debates com maior representatividade da população do que um cenário em que apenas os partidos tradicionais, da “velha política”, exercem a liderança, bem como permitirá descentralização do poder. A população mostrou preferência pelo novo ou incerto ao invés de apostar no que já conhecia. Estamos cansados de políticos corruptos e dos que ficam anos ocupando seus cargos sem contribuições importantes para a sociedade ou, pior ainda, colocando em pauta propostas que aumentam cada vez mais o tamanho do Estado, diminuindo a liberdade e criando barreiras para o empreendedorismo.
O Poder Legislativo sofre as transformações que o povo brasileiro vem pedindo. Os eleitores estão demonstrando o entendimento do seu voto como ferramenta efetiva de mudança no cenário político para alcançar as almejadas melhorias para o país. Os partidos com políticos envolvidos na Lava-Jato perderam representantes; os tradicionais perderam força no Senado e na Câmara; partidos com ideologias liberais ganharam espaço. Apesar de a mudança ainda ser tímida ao compararmos com o percentual de renovação dos últimos pleitos em países como Argentina (79% em 2015), Uruguai (75% em 2014) e França (75% em 2017), os resultados das eleições trazem esperança de renovação. Os efeitos serão percebidos conforme o desempenho dos nossos representantes durante o mandato, e é nosso dever como cidadãos cobrar deles propostas, votos e discursos coerentes com suas promessas de campanha.
Fernanda Estivallet Ritter, hoteleira e associada do IEE
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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