A PF (Polícia Federal) prendeu em São Paulo um espanhol foragido desde 1994, condenado na Europa por sua participação em um ato terrorista em Madri, na Espanha, que resultou na morte de cinco pessoas. Na época, o crime se tornou conhecido como o massacre de Atocha.
A prisão ocorreu após uma investigação conjunta entre a polícia espanhola e policiais federais brasileiros que atuam na Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal). Carlos Garcia Juliá, hoje com 63 anos, estava foragido há mais de 20 anos.
Em 1977, Juliá participou do crime que ficou conhecido como “o massacre de Atocha”. Ele e outro integrante de um grupo de extrema direita entraram em um escritório de advocacia sindical da Rua Atocha, na região central de Madri, e dispararam vários tiros. Cinco advogados trabalhistas morreram e outras quatro pessoas ficaram feridas. O ataque ocorreu dois anos após a morte do ditador Francisco Franco, em meio à redemocratização espanhola.
O caso teve grande repercussão. Juliá foi condenado a 193 anos de prisão, mas cumpriu apenas 14. Em 1994, ele foi colocado em liberdade condicional e recebeu permissão para viajar para fora da Espanha. A ordem foi revogada, mas ele já havia desaparecido.
Segundo a polícia, ele veio para a América do Sul. Passou por Chile, Venezuela, Argentina e Bolívia, onde chegou a ser preso por tráfico de drogas em 2001.
O primeiro registro de Juliá no Brasil, com um nome falso, é de 2009, mas os investigadores acreditam que ele tenha entrado no país em 2001, por Pacaraima, em Roraima.
Carlos Garcia Juliá morava no primeiro andar de um prédio no bairro da Barra Funda, em São Paulo. Ele foi preso quando chegava em casa. Juliá dizia que era venezuelano e usava o nome de Genaro Antonio Materan Flores.
Com essa identidade falsa, conseguiu tirar carteira de habilitação e trabalhava como motorista de aplicativo. Ele vivia com uma brasileira que, segundo a polícia, não sabia do passado do companheiro.
O nome de Genaro Flores entrou no radar da polícia depois que ele parou de se recadastrar no registro nacional de estrangeiros, em 2011.
“A partir do momento que você vê que tem uma documentação falsa, você começa a trabalha. Uma troca de informações com os policiais espanhóis, diligências, até chegar realmente a uma possível identificação fotográfica e ter mais dados que nós temos”, explicou o delegado Disney Rosseti, o chefe da PF em São Paulo.
Juliá ficará sob a custódia da Polícia Federal até que o governo espanhol envie o pedido de extradição.