Uma força-tarefa da Polícia Civil com o MPE (Ministério Público Estadual) cumpriu nesta quinta-feira (24) dezenas de mandados de prisão, busca e indisponibilidade de bens contra uma facção criminosa baseada no Vale do Sinos. Durante a ofensiva foi preso um dos líderes do grupo, que possui no Mato Grosso uma fazenda de R$ 42 milhões e cujos 140 mil hectares equivalem a quase três vezes à área de Porto Alegre.
“O imóvel, na fronteira com a Bolívia, possui até pista para aeronaves de pequeno porte”, frisou um dos investigadores. Além dos municípios gaúchos de Novo Hamburgo, Portão e Brochier, a operação foi deflagrada em Itapema, no litoral de Santa Catarina.
Dentre os bens confiscados pelos agentes estão veículos de luxo e imóveis rurais no Rio Grande do Sul e em outros Estados. Também foi confirmado que os suspeitos adquiriram outra propriedade rural na Região Nordeste do País, mais precisamente no Piauí.
O homem apontado como líder da organização criminosa foi preso em Novo Hamburgo. De acordo com a força-tarefa, o nome do indivíduo não foi divulgado publicamente porque a investigação ainda está em andamento. Já o outro alvo das ordens judiciais não foi localizado e é considerado foragido.
Colaboração
A ação foi realizada por integrantes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do MP) em parceria com agentes das Delegacias de Lavagem de Dinheiro do Denarc (Departamento de Investigações do Narcotráfico) e Gabinete de Inteligência Estratégica da Polícia Civil.
A ofensiva foi um desdobramento das operações Água e Magna Ópera, deflagradas em maio. Naquele mês, a corporação já havia cumprido mais de 300 ordens judiciais contra a facção e capturado dez pessoas. Em dezembro do ano passado, houve a primeira ofensiva da investigação (que já sabia da existência da propriedade rural no Mato Grosso), resultando na prisão de outro cabeça do grupo.
Histórico
O atual líder criminoso preso nesta quinta-feira assumiu no início da década de 2000 o comando da facção, criada em meados dos anos 1990. Sob a sua chefia e de outros comparsas, a organização ampliou o seu aspecto gerencial e área de abrangência, cooptando criminosos em todo o Rio Grande do Sul e até mesmo fora do Estado.
Dentre as principais atividades praticadas pelo grupo destaca-se o tráfico internacional de drogas, com distribuição em todo o território gaúcho, “em nível de cartel e máfia”, conforme definição do Ministério Público ao noticiar a operação. Ainda segundo a promotoria, ultimamente a facção vem desenvolvendo “complexas redes de lavagem de dinheiro”.
(Marcello Campos)