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Colunistas Uma janela verde para o Brasil

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A questão climática assume ares cada vez mais urgentes. O atual Secretário-geral da ONU, António Guterres, não tem medido as palavras para alertar o planeta sobre os riscos que a humanidade corre, caso medidas imediatas de controle de emissão de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aumento nos níveis da temperatura na terra, não sejam adotadas. “Estamos no caminho para o inferno climático e com o pé no acelerador”, declarou um preocupadíssimo Guterres diante dos alarmantes relatórios que apontam uma elevação de até 2.5 graus celsius até o final deste século, algo dramático e de efeitos catastróficos para toda a humanidade. Estima-se, nesse contexto, que os países em desenvolvimento e emergentes – exceto a China – demandarão mais de U$ 2 trilhões por ano para o combate às mudanças climáticas. Quase metade desse valor deve ser liberado por investidores externos, o que pode também se converter, dado o efeito sinérgico desses aportes em outras áreas da economia, numa oportunidade para o Brasil, um dos países com maior potencial para colaborar nessa missão que se converteu num dos maiores desafios globais deste século.

Segundo Jorge Arbache, Vice-Presidente do CAF, a agenda ambiental, que visa a reduzir a pegada de carbono dos produtos, irá proporcionar importante oportunidade para alguns países com industrialização tardia ou ainda incipiente. Nessa perspectiva, o mundo testemunha a transição da globalização da produção determinada pelo custo da mão de obra para a globalização da produção determinada pelo impacto ambiental. O Brasil, nesse contexto, emerge como um dos países com maior potencial para aproveitar essa oportunidade da “janela verde” que se abre. Dono de grande potencial hidráulico, solar e eólico, além de enorme capacidade de produção de energia a partir da biomassa, biogás e biocombustíveis, nosso País tem todas as condições de converter suas potencialidades naturais em diferenciais que repercutam de forma ampla sobre toda a economia. Essa condição estruturalmente favorável do Brasil, somada a sua condição de grande produtor de uma gama variada de commodities minerais e agrícolas, servirá como um forte atrator de novos investimentos na produção industrial de aço, ferro gusa, alumínio, vidro, cimento e celulose, com reflexos muito positivos na diminuição da pobreza, via geração de novos empregos, combate à informalidade e benefício direto para pequenas e médias empresas que gravitariam em torno de novos ecossistemas de produção baseados em energia limpa. Além disso, a atração de investimentos externos aplicados diretamente no setor industrial, daria um choque de otimismo ao setor, que vem perdendo relevância nos últimos anos e teria impacto substantivo no aumento da produtividade e da competitividade, bem como na geração de impostos, maiores exportações e aumento de divisas para o País.

Para que o Brasil não desperdice essa oportunidade que a atual conjuntura mundial oferece, é essencial que haja um ambiente interno favorável à atração desses novos investimentos. Além de oferecer estabilidade econômica e institucional, caberá ao Governo colocar a questão ambiental no patamar estratégico que o mundo reclama, cuidando para que nosso patrimônio natural seja preservado, a começar pela Amazônia, região que sensibiliza o mundo a partir de sua importância crucial para o equilíbrio climático do planeta. Também será preciso cuidar do ambiente regulatório, fontes de financiamento adequadas, infraestruturas físicas e digitais modernas, logística eficiente para o escoamento da produção, segurança jurídica com redução da burocracia, o aprimoramento da Lei de Liberdade Econômica e demais mecanismos de facilitação a vida de quem investe e produz. Aproveitando sua condição privilegiada na questão da energia limpa, aliada ao afastamento de temas geopolíticos complexos, o Brasil tem todas as condições para se converter num grande íman na atração de investimentos que contribuam para uma retomada sustentável do desenvolvimento econômico de que tanto necessitamos.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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https://www.osul.com.br/uma-janela-verde-para-o-brasil/ Uma janela verde para o Brasil 2022-11-17
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