Uma megaoperação deflagrada na manhã desta quinta-feira (10) busca desarticular a atuação de um grupo de empresários e políticos que davam suporte financeiro a roubos de cargas de alto valor em diversas cidades do país.
Cerca de 450 agentes da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Militar de Goiás cumprem 91 mandados, dentre eles, 40 de prisão em cidades dos Estados de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, e Santa Catarina, além do Distrito Federal. As ações estão centralizadas em Goiás.
A ação desta quinta é um desdobramento da primeira fase da Operação Hicsos, que prendeu 104 pessoas em fevereiro e auxilou os investigadores a identificar os financiadores do crime de receptação.
Entre os políticos envolvidos, a PF informou que uma suplente de vereador de uma cidade de Minas Gerais foi presa sob a suspeita de lavar dinheiro para integrantes da organização criminosa. Os policiais identificaram a participação da suplente no esquema de roubo de cargas após a prisão do marido dela na primeira fase da operação.
Segundo cálculos da PF, o grupo teria movimentado cerca de R$ 30 milhões. Durante as investigações, os policiais já haviam prendido 30 pessoas e apreendido 15 armas de fogo, 15 veículos e cerca de R$ 500 mil em cargas roubadas.
Os suspeitos, segundo a PF, vão responder na Justiça pelos crimes de roubo qualificado, cárcere privado, lavagem de dinheiro, organização criminosa, tráfico de drogas e receptação.
Operação Hicsos
A primeira fase da operação Hicsos ocorreu em fevereiro deste ano. Segundo a PF, os criminosos montavam barreiras falsas nas estradas de vários Estados para roubar as cargas. Na Hicsos I, 104 envolvidos foram presos.
A tática dos criminosos consistia em abordar caminhões em rodovias, utilizando falsas barreiras e até mesmo equipamentos que dificultavam o rastreamento dos veículos. Após identificar cargas de alto valor nos caminhões, o grupo anunciava o assalto.
Segundo nota da PF à época da Hicsos I, as falsas barreiras incluíam a utilização de coletes de fiscalização e de veículos equipados com sirenes e giroflex. Além disso, para facilitar a ação, os criminosos utilizavam equipamentos de alta tecnologia com o intuito de evitar o rastreamento do veículo.
“Os financiadores pagavam em torno de 50% do valor da carga aos criminosos, que depois era vendida em estabelecimentos comerciais como se fosse mercadoria legalmente adquirida”, dizia a nota da Polícia Federal.
Nome da operação
A Polícia Federal informou na época a origem do nome da operação. Hicsos faz referência a um povo que invadiu a região oriental do Delta do Nilo durante a décima segunda dinastia do Egito, conhecidos, no mundo antigo, como saqueadores e ladrões. (Folhapress/ABr/AE)