Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 26 de dezembro de 2018
Uma mulher argentina, de 45 anos, sequestrada há 32, foi resgatada na Bolívia, segundo informações oficiais. A argentina foi capturada, em 1987, ainda adolescente e explorada para fins de prostituição. Ela foi resgatada ao lado do filho, de 9 anos. Segundo informações preliminares, ambos eram explorados em situção análoga ao trabalho escravo.
A família da mulher vive na região de Mar Del Plata e jamais deixou de procurá-la. No começo deste ano, as autoridades argentinas obtiveram informações de que ela morava em Bermejo, na Bolívia.
O resgate foi resultado de um trabalho conjunto entre os agentes argentinos e a FELCC (Força Especial de Luta contra o Crime) da Polícia Nacional da Bolívia, indica um comunicado enviado à imprensa sobre a libertação da mulher de 45 anos.
Em 1987, um homem boliviano identificado no processo como “AC”, de cerca de 50 anos, levou a vítima e sua irmã mais velha, com quem mantinha relacionamento amoroso, até a Bolívia, sob a promessa de conseguir trabalho para elas no país. A irmã pôde voltar à Argentina três meses depois, mas a vítima foi forçada a se prostituir por mais de três décadas.
Um pedido judicial da Argentina, enviado em dezembro de 2014 à Unidade de Investigações e Procedimentos Judiciais, motivou a busca por informações sobre o paradeiro da mulher. As autoridades descobriram nos primeiros meses deste ano que ela se encontrava na cidade boliviana de Bermejo e que tinha um filho menor de idade.
Procuradores federais intervieram no caso, cujas investigações se ampliaram para confirmar as pistas. As forças policiais de ambos os países coordenaram ações para resgatar a vítima e levá-la de volta a Mar del Plata, sua terra de origem, a 400 quilômetros da capital, Buenos Aires.
Com escala em Salta, no Norte do país, onde foram entregues a funcionários do Escritório de Resgate e Assistência a Vítimas do Delito de Tráfico de Pessoas, a mulher e seu filho seguiram a Mar del Plata e reencontraram os parentes, diz o comunicado.
Segundo a agência Efe, o tráfico de pessoas é o terceiro delito que mais movimenta dinheiro no mundo. Na Argentina, desde 2008, foram resgatados quase 12 mil indivíduos traficados, apontam estimativas do programa nacional de resgate e acompanhamento de vítimas do Ministério da Justiça do país. O crime, em geral, é cometido para fins de exploração sexual.
Especialista diz que qualquer um pode ser alvo do tráfico de pessoas
O tráfico de pessoas é um delito relacionado a ambições e desejos o que torna qualquer pessoa um alvo fácil para criminosos. A avaliação é da coordenadora do NETP (Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas) do Ceará, Livia Xerez Azevedo, que trabalha há sete anos na função.
“É um crime que vítima homens, mulheres, crianças, profissionais do sexo que querem ganhar em dólar e euro e também aquela pessoa que sonha em fazer um intercâmbio pra estudar outro idioma. Todos nós podemos ser vítimas do tráfico de pessoas. Todos nós temos sonhos e necessidades”, defendeu.
Presente na 4ª Reunião da Comissão de Trabalho em Matéria de Tráfico de Seres Humanos, que reuniu, no final de novembro, em Brasília, países-membros da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), Livia explicou que as vítimas, quando identificadas, têm dificuldade de se reconhecer como tal, por ter, em primeiro lugar, de assumir que foram ludibriadas.