As Polícia Civil gaúcha deflagrou nesta sexta-feira a operação “Cadeia Premiada”, cumprindo 12 mandados de prisão temporária e sequestro de bens de investigados por crimes como estelionato e lavagem de dinheiro. No foco da ofensiva está um grupo criminoso de Passo Fundo (Região Norte) que planejava aplicar em Santa Catarina o famoso “conto do bilhete premiado”.
Esse tipo de golpe é praticado há várias décadas no País e ainda hoje faz vítimas, assim como outras versões igualmente difundidas, como o “conto do pacote”. Muitas das pessoas lesadas resistem a registrar ocorrência, por receio de admitirem ter sido enganadas, o que dificulta a elaboração de estatísticas sobre a modalidade e a própria prisão dos responsáveis.
Em sua versão mais conhecida, os criminosos – geralmente em dupla ou trio – escolhem idosos ou pessoas de perfil mais ingênuo. Um dos golpistas se aproxima e, passando-se por uma pessoa de perfil simples, relata possuir consigo um bilhete de loteria contemplado em sorteio e cujo prêmio não pode ser sacado, por motivos como não possuir conta bancária ou estar com o “nome sujo na praça”.
Enquanto isso, um comparsa finge estar passando pelo local, supostamente sem conhecer o “ganhador”, e se oferece para ajudar, “confirmando” (por meio da simulação de um telefonema ou de uma falsa ida a um banco ou lotérica) que realmente o comprovante é de uma aposta premiada.
Diante da promessa de divisão do valor, a vítima acaba aceitando levar o volante até uma agência, mas para isso precisa deixar alguma quantia financeira, joia ou outro objeto de valor como “garantia”. Ao tentar descontar o prêmio, o incauto acaba descobrindo ter caído no golpe, ao passo que os estelionatários já estão longe, após fazerem mais um “trouxa”.
Presídio
Também nesta sexta-feira, com a conclusão de quatro inquéritos, a Polícia Civil indiciou um homem de 31 anos por extorsão, estelionato, falsidade ideológica, ameaça, injúria e coação. Trata-se de um detento que cumpre sentença por roubo e, mesmo trancafiado em uma cela da Pesm (Penitenciária Estadual de Santa Maria), continuava a cometer crimes por meio do aplicativo WhatsApp e da rede social Facebook.
Ele criava perfis falsos para se passar por outras pessoas, inclusive um policial civil gaúcho (com o nome e uma foto do agente) e outras vítimas nas cidades de Tupanciretã, Caxias do Sul e Júlio de Castilhos. O objetivo era comercializar veículos pelo site de vendas OLX e praticar chantagem por meio do já conhecido “golpe dos nudes”, além de ameaçar testemunhas.
A apuração do caso durou um ano, sendo que ao longo da investigação foi cumprido mandado de prisão preventiva contra o investigado. A investigação foi coordenada pela Delegada Alessandra Padula, que responde pela Delegacia de Júlio de Castilhos.
(Marcello Campos)