Presidente do MDB, o deputado Baleia Rossi (SP) diz que o fato de o partido ter três ministérios no governo Lula não é uma amarra para qualquer decisão da legenda sobre a corrida presidencial em 2026. Ele reconhece que a conquista da prefeitura de São Paulo dá outra envergadura ao pleito do MDB paulista de caminhar com o bolsonarismo e acredita que uma eventual reforma ministerial não terá a força de garantir a adesão das siglas de centro ao projeto petista.
1) Depois de um tombo em 2020, o MDB voltou a crescer em número de prefeituras. O que foi ajustado?
O mais relevante foi o resultado em pessoas administradas: serão 37 milhões. Isso dá relevância ao partido e perspectiva de elegermos mais deputados, senadores e governadores. A campanha de 2024 saiu um pouco da radicalização. O que levou Ricardo (Nunes) para o segundo turno foi o reconhecimento do trabalho dele e da gestão. Um cara equilibrado, moderado, do diálogo. É uma característica do MDB.
2) Quanto a eleição de Ricardo Nunes em SP vai ter peso na decisão do MDB sobre 2026?
Eleição municipal tem pouca influência direta. Mas temos a realidade de um novo líder com dimensão nacional no MDB, que é o Ricardo. Todas as lideranças serão ouvidas. E o prefeito de São Paulo terá peso muito grande nas decisões futuras do partido, não tenho dúvida.
3) O centro foi o grande vencedor das eleições. Bolsonaro e Lula saíram como perdedores?
A esquerda passou por um momento difícil. Em São Paulo, o presidente perdeu a eleição. O PL teve desempenho muito melhor do que em 2020, mas também teve dificuldades no segundo turno. Agora, Republicanos cresceu, PL cresceu, PP cresceu enquanto os partidos de esquerda diminuíram. O voto foi mais ao centro e um pouco mais conservador.
4) O apoio do centro em 2026 será disputado. O MDB tende a apoiar qual desses polos em 2026?
Todo partido grande quer ter candidatura. Em 2022, tivemos a coragem de ter uma candidatura, e a Simone Tebet teve uma vitória eleitoral, porque ficou em terceiro lugar com um crescimento muito significativo. A eleição de dois turnos é um pouco isso: colocar suas propostas e depois, num segundo turno, se o teu candidato não for, fazer as escolhas.
5) A situação agora é diferente. O MDB tem três ministérios no governo Lula. Hoje, o que o senhor enxerga como mais provável de acontecer?
Isso vai ser debatido dentro do partido. Tem muitos partidos que o presidente toma uma decisão e pronto. O MDB nunca na sua história deu cavalo de pau. Acho que, para um partido do tamanho do MDB, uma candidatura própria sinaliza que você vai ter os instrumentos necessários para comunicar o que o seu partido defende. Isso é o ideal.
6) O governo avalia uma reforma ministerial para dar mais espaços a partidos aliados. O MDB está aberto a ocupar mais pastas no governo?
Não acho que uma reforma ministerial mude o quadro político atual. O MDB tem três ministérios relevantes. Não vamos reivindicar mais nenhum espaço. Os outros partidos também estão representados. Então, não acho que a questão política vai se resolver por uma questão pontual de posições no governo.
7) Integrantes do governo entendem que a reforma teria de mirar 2026, costurando esses apoios. Uma reforma ministerial ambiciosa permitiria esse tipo de acordo?
Muito difícil todos esses partidos tomarem uma decisão antecipada por qualquer tipo de movimentação de governo. Vai prevalecer a conjuntura política e não uma função ou outra que possa ser oferecida a qualquer partido. O MDB não fará esse tipo de negociação.