O chefe da diplomacia da União Europeia alertou nessa segunda-feira (15) para o risco do surgimento de uma “aliança contra o Ocidente”, na esteira do conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza.
Em seu blog, o alto representante da UE para Política Externa, Josep Borrell, reconheceu que o bloco não foi capaz de “frear os combates em Gaza e de pôr fim ao desastre humanitário, de libertar os reféns e de começar a implantar a solução de dois Estados, único modo de levar uma paz sustentável à região”.
“Precisamos agir com determinação nos próximos meses para impedir a consolidação de uma aliança do ‘resto do mundo contra o Ocidente’, até como consequência do conflito no Oriente Médio”, disse.
Segundo Borrell, apesar de a UE ser o principal parceiro comercial de Israel, o bloco tem sido “ineficiente” na gestão da crise em Gaza porque “estava dividido”. “Nossa limitada influência nesse conflito, que tem um impacto tão direto em nosso futuro, não se deveu à falta de recursos”, afirmou.
Aliados de Israel
Os aliados europeus de Israel pediram nessa segunda que o país demonstre contenção em relação ao ataque de mísseis e drones do Irã no fim de semana, pedindo aos líderes israelenses que se afastem da “beira do precipício” da escalada no Oriente Médio.
O gabinete de guerra do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que tem o poder de decidir sobre a resposta do país, se reuniu nesta tarde, disse uma fonte do governo.
Autoridades israelenses disseram que o gabinete de guerra, que também se reuniu no domingo, favoreceu a retaliação, mas estava dividido quanto ao momento e à escala de tal resposta.
Com o perigo de uma guerra aberta entre Israel e Irã, e a alta tensão sobre a guerra em Gaza, o presidente norte-americano, Joe Biden, afirmou a Netanyahu que os Estados Unidos não participarão de nenhuma contraofensiva israelense contra o Irã, disseram autoridades dos EUA.
Reino Unido, França, Alemanha e o chefe de política externa da União Europeia juntaram-se a Washington e ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, para pedir moderação.
“Estamos à beira do precipício e temos que nos afastar dele”, disse Josep Borrell, o alto representante da UE para Assuntos Externos e Política de Segurança, à estação de rádio espanhola Onda Cero. “Temos que pisar no freio e reverter a marcha.”
O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu a Israel que vise isolar o Irã em vez de agravar a situação. O chanceler alemão, Olaf Scholz, alertou o Irã para não realizar mais ataques e disse que Israel também precisa contribuir para a redução da violência.
A Rússia se absteve de criticar seu aliado Irã em público sobre os ataques, mas expressou preocupação com o risco de escalada na segunda-feira e também pediu moderação. “Uma nova escalada não é do interesse de ninguém”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Ataque iraniano
O Irã lançou a ofensiva em resposta a um suposto ataque aéreo israelense contra o complexo de sua embaixada na Síria em 1º de abril, que matou sete oficiais da Guarda Revolucionária Iraniana, incluindo dois comandantes seniores.
Isso ocorreu após meses de confrontos entre Israel e os aliados regionais do Irã, desencadeados pela guerra de Gaza, que se espalhou para os fronts com grupos alinhados ao Irã no Líbano, na Síria, no Iêmen e no Iraque.
O ataque do fim de semana, que envolveu mais de 300 mísseis e drones, causou apenas danos modestos em Israel. A maioria foi abatida pelo sistema de defesa Domo de Ferro de Israel e com a ajuda de EUA, Reino Unido, França e Jordânia.