A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou a criação de um corredor marítimo para o envio de ajuda humanitária à Faixa de Gaza a partir do Chipre. A medida é parte dos esforços internacionais para trazer alívio à crise no enclave palestino devastado pela guerra.
Os comentários de Ursula von der Leyen foram feitos um dia depois que o presidente norte-americano, Joe Biden, anunciou planos para que militares dos EUA construíssem um porto temporário na costa mediterrânea de Gaza, em meio a alertas da ONU sobre a fome entre os 2,3 milhões de habitantes do pequeno território.
As negociações sobre um possível cessar-fogo na guerra de Israel contra o Hamas, agora em seu quinto mês, permaneciam em um impasse no Cairo, enquanto o escritório de direitos humanos da ONU pediu a Israel que não estendesse sua ofensiva militar para a cidade fronteiriça de Rafah, dizendo que isso causaria uma nova “perda maciça de vidas”.
A presidente da Comissão da UE disse que um teste piloto de ajuda alimentar coletada por um grupo de caridade e apoiada pelos Emirados Árabes Unidos poderia estar deixando o Chipre já nessa semana.
“Estamos lançando esse corredor marítimo do Chipre juntos, a União Europeia, os Emirados Árabes Unidos e os Estados Unidos”, afirmou ela após uma visita a instalações em Larnaca, no Chipre. A ilha mediterrânea, membro da União Europeia, está a cerca de 370 quilômetros de Gaza.
Ela não deu detalhes sobre onde a ajuda seria entregue em Gaza e não fez referência ao anúncio de Biden, feito durante seu discurso sobre o Estado da União ao Congresso na quinta-feira, de que os militares dos EUA construiriam um “píer temporário” na costa de Gaza para receber navios que transportam alimentos, água e medicamentos.
Autoridades norte-americanas disseram que a construção dessa instalação pode levar semanas, portanto, isso não ofereceria solução imediata para os níveis crescentes de fome. A ONU diz que a abertura de rotas terrestres deve continuar sendo a prioridade.
“Não haverá botas americanas no solo”, disse Biden, que não indicou onde o “píer” planejado poderia estar localizado.
Em reação ao discurso de Biden, uma autoridade sênior do governo israelense disse na sexta-feira que “Israel e os Estados Unidos estão coordenando o fornecimento de ajuda humanitária pela rota marítima. Será habilitado sujeito a autorização de segurança”.
A situação é especialmente crítica no norte de Gaza, onde a distribuição de ajuda por terra é quase impossível devido aos combates, destruição e saques.
Mais de 100 palestinos morreram em 29 de fevereiro quando o exército israelense atirou em uma multidão que aguardava comboios com ajuda humanitária, segundo o Hamas.
O exército israelense afirmou na sexta-feira que sua “análise” mostrou que seus soldados “não atiraram contra o comboio humanitário” e sim “com precisão contra vários suspeitos”.