Segunda-feira, 14 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 12 de abril de 2025
A autoridade irlandesa de proteção de dados, responsável por supervisionar o cumprimento das normas europeias de privacidade, anunciou a abertura de uma investigação formal sobre o uso de dados pessoais pela rede social X — antiga Twitter — para o treinamento de seus modelos de inteligência artificial (IA), em especial o Grok, o chatbot lançado pela empresa.
Segundo comunicado divulgado pela Comissão de Proteção de Dados (DPC, na sigla em inglês), a apuração foca especificamente no uso de “dados pessoais incluídos em publicações de acesso público e publicadas na plataforma de rede social X pelos usuários” localizados na União Europeia e no Espaço Econômico Europeu. A DPC examinará se esse uso está em conformidade “com várias disposições importantes do RGPD”, o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados, “especialmente com relação à legalidade e à transparência do processamento” dessas informações.
A rede social X havia se comprometido, em setembro de 2023, a não utilizar determinados dados pessoais de seus usuários europeus para fins de treinamento de sistemas de IA. Na ocasião, a autoridade irlandesa anunciou a retirada de um processo judicial que tramitava no Tribunal Superior irlandês sobre esse mesmo tema, em decorrência do compromisso assumido pela empresa.
O anúncio feito na época mencionava o uso de dados pessoais entre os dias 7 de maio e 1º de agosto de 2023. No entanto, de acordo com a autoridade irlandesa, o desenvolvimento dos modelos de IA da empresa prosseguiu após esse período, levantando dúvidas sobre a extensão e a legalidade do uso contínuo de informações pessoais.
A investigação agora em curso poderá ter repercussões significativas, não apenas para a X, mas para outras empresas que utilizam dados públicos para treinar modelos de linguagem e outras formas de IA generativa. A DPC tem competência para atuar em nome da União Europeia porque a sede europeia da rede social está localizada na Irlanda — assim como as de várias outras gigantes do Vale do Silício, como Meta, Google e Apple.
As empresas de tecnologia norte-americanas, incluindo o X, continuam no centro de tensões comerciais entre a UE e os EUA. Caso as negociações em curso fracassem, a Comissão Europeia poderá impor medidas fiscais mais severas. “Se não houver progresso suficiente, a Comissão não hesitará em propor novas formas de tributação”, alertou recentemente Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.