Quinta-feira, 14 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 8 de agosto de 2024
Criado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) no final de maio, quando o Rio Grande do Sul ainda enfrentava enchentes recordes, o Comitê de Apoio para Eventos Extremos e Emergências (Care) lançou nesta semana o Projeto Integrado de Monitoramento e Previsão Climática, Hidrológica e Geotécnica. O objetivo é estabelecer um sistema eficaz de alerta para riscos extremos de catástrofe ambiental.
A iniciativa tem por base a combinação de sistemas modernos, capazes de prever os impactos de ocorrências desse tipo. No foco está a atenuação dos efeitos sobre as comunidades afetadas em pequenas bacias hidrográficas.
Atualmente, a UFSM conta com programas computacionais de alto desempenho e que necessitam de aprimoramento. Também dispõe de estações científicas de observação meteorológica. Mas é necessário ampliar esses recursos para um monitoramento equivalente em nível regional, incluindo a aquisição de novas estações.
O projeto está em fase de obtenção de recursos, por meio de contatos com prefeituras, e conta com três especialistas no comando: Vagner Anabor, do Programa de Pós-Graduação em Meteorologia da UFSM, é o coordenador geral, ao passo que o professor Magnos Baroni, do Departamento de Engenharia Civil, supervisiona a área de Geotecnia e seu colega Daniel Allasia, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, é o responsável pala parte hidrológica.
Rede de monitoramento
“A proposta consiste em desenvolver uma rede de monitoramento meteorológico e hidrológico de alta resolução em pequenas bacias, ou seja, em bacias hidrográficas como a do rio Soturno e rios da Quarta Colônia”, exemplifica Vagner Anabor. “Geralmente são áreas não mapeadas e nem monitoradas pelos sistemas hidrológicos nacionais, que priorizam grandes bacias.”
Além de prever chuvas intensas, o projeto permitirá prever condições de tempestades severas que produzem granizo, danos por ventos, e funcionará como sistema de monitoramento contínuo. Essas informações são fundamentais para o desenvolvimento regional, sobretudo de atividades relacionadas à agricultura, poispodem ser usadas para um planejamento agrícola e previsões de secas.
O plano começa com o monitoramento meteorológico e hidrológico, que fornece uma base de comparação com as previsões meteorológicas de chuvas de até sete dias. Essas previsões e os dados observados ajudam a prever quais serão os volumes de chuva. Então, essas informações entram no modelo hidrológico, que transforma os dados em nível de rio, velocidade da água, mancha de inundação e outras variáveis.
Da mesma forma, esses conhecimentos também são importantes para a parte de geotecnia, uma vez que as informações sobre chuvas são fundamentais para a estabilização de terrenos e encostas, permitindo se prever o impacto das chuvas tanto nos rios quanto na possibilidade de deslizamentos.
Defesa Civil e comunidade
O programa disponibilizará os dados coletados às comunidades por meio de um aplicativo e redes sociais. Como ainda está em fase de implementação, existe a previsão de instalação de sistemas e, posteriormente, a integração dos dados e a divulgação dessas informações via aplicativo.
Esses serviços deverão estar disponíveis também para a Defesa Civil, órgão responsável por um conjunto de ações preventivas, de socorro, assistenciais e reconstrutivas, destinadas a evitar ou minimizar desastres naturais e acidentes tecnológicos, preservar o moral da população e restabelecer a normalidade social.
Após o período de dois anos, o sistema deverá estar estruturado e poderá ser assumido de forma cooperativa com outras parcerias públicas ou privadas.
(Marcello Campos)
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