Ao menos 59 universidades e 17 Estados americanos declararam apoio ao processo movido contra a determinação do governo de Donald Trump de que alunos estrangeiros deixem os Estados Unidos caso os cursos em que estão matriculados ofereçam apenas aulas on-line no próximo semestre, que começa em setembro. A ação judicial foi aberta na semana passada pela Universidade Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) em um tribunal de Boston, e tenta bloquear temporariamente a decisão da Agência de Imigração e Alfandega dos EUA (ICE, na sigla em inglês).
No documento, as universidades afirmaram contar com a orientação federal anterior, que permitia as aulas on-line para todos os estudantes durante a pandemia. “A emergência persiste, mas a política do governo mudou súbita e drasticamente, arruinando os preparativos das universidades e causando danos e turbulências significativos”, acrescentaram.
Elas também afirmam que já houve casos de estudantes estrangeiros impedidos de entrar no país por causa da orientação da ICE, e citam um aluno sul-coreano da Unversidade DePaul que foi barrado no aeroporto de San Francisco, na Califórnia.
A nova orientação do ICE é vista como uma forma do presidente Trump de pressionar as instituições de ensino a reabrirem, apesar do aumento de casos do novo coronavírus no país.
Brasileiros
Estudantes brasileiros estão tendo que rever seus planos para voltar às instituições de ensino americanas. É o caso da aluna do segundo ano da Universidade de Yale Maria Antonia Sendas, de 20 anos, que já foi informada de que o seu curso no próximo semestre será feito remotamente.
“A universidade decidiu que quem é do segundo ano vai fazer as aulas on-line, e os demais períodos, presenciais. A minha ideia, mesmo assim, era voltar para o campus para poder usar os recursos da universidade, como laboratórios e bibliotecas”, conta a jovem, que está no Brasil por causa da pandemia.
Alunos matriculados em programas acadêmicos ou profissionalizantes que oferecerem apenas aulas pela internet não poderão ficar no país, sob pena de serem expulsos.
Caso estejam fora do território americano, também não poderão entrar nos Estados Unidos para retornar ao campus. Segundo o presidente da Associação de Estudantes Brasileiros no Exterior (BRASA), Rafael Monteforte, isso faz com que outros estudantes, que terão aula presencial, tenham dúvidas se irão conseguir voltar aos EUA.
“Algumas universidades e os próprios alunos já estavam se organizando para conseguir contornar a proibição de viagens do Brasil para o Estados Unidos [imposta por Trump em maio] e fazer o período de quarentena em outro país. Mas, agora, isso ficou ainda mais complicado. Mesmo a pessoa provando que terá aulas presenciais na universidade, o sistema de imigração americano, que já é bastante rígido, tem o direito de barrar sua entrada”, explica Monteforte, que cursa o 4º ano de Ciências Políticas e Economia no Grinnell College e planeja ir para o México para poder entrar no território americano depois.