Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 17 de dezembro de 2015
A principal orientação do Ministério da Saúde para evitar o contágio pelo zika vírus, transmitido pelo Aedes Aegypti, é o uso tópico do repelente industrial. O produto, no entanto, não é 100% eficaz e deve ser utilizado ao lado de outras medidas preventivas, segundo especialistas de diferentes áreas médicas.
Sem milagres.
Coordenador dos testes para a vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan, o professor de imunologia e alergia Esper Kallas é taxativo: o repelente industrial é o meio de combate mais adequado ao mosquito, mas não faz “milagres”. De acordo com o pesquisador, produtos anti-insetos, como os repelentes de tomada, também auxiliam, mas têm a mesma eficácia, por exemplo, de ações caseiras de efeito passageiro, como velas ou essências de citronela. “São medidas que ajudam, mas não eliminam o risco da picada.”
O ideal é adotar um conjunto de medidas, iniciando pela erradicação de focos de criadouro do mosquito em casa. Roupas compridas, mosquiteiro em berços e até tela nas janelas podem ajudar.
Ação dos repelentes.
A coordenadora da Sociedade Brasileira de Infectologia, a infectologista Nancy Bellei, aponta que nem todos os repelentes industriais espantam o mosquito Aedes Aegypti. “Os repelentes naturais agem por cerca de 20 minutos e evaporam; os repelentes industriais têm duração um pouco maior, mas apenas aqueles à base de icaridina ou picaridina funcionam realmente contra o Aedes.” Os demais repelentes industriais, explicou a infectologista, ou são facilmente resistidos pelo organismo, ou têm concentrações muito baixas do produto ativo permitido no Brasil.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) registra repelentes com três princípios ativos diferentes, o DEET (n,n-Dietil-meta-toluamida), o IR3535 e a Icaridina. A agência alerta que cada repelente tem duração e indicação diferente em relação ao número máximo de vezes que pode ser usado sem prejuízo, sobretudo no caso de grávidas e crianças.
Gestantes do primeiro ao terceiro mês de gravidez, por exemplo, podem usar com segurança repelentes à base de DEET – não recomendados, por outro lado, para uso em crianças menores de 2 anos. Em crianças entre 2 e 12 anos, explica a agência, a concentração dever ser no máximo 10%, e a aplicação, ser restrita a três vezes ao dia. Concentrações da substância acima desse percentual são permitidas para maiores de 12 anos. Os produtos à base de DEET duram, em média, até quatro horas no corpo.
Produtos feitos com as substâncias repelentes Icaridina ou picaridina, como o Exposis, têm duração prolongada: até dez horas. Repelentes com EBAAP ou IR3535 têm duração de até quatro horas. O registro dos produtos pode ser consultado no site da Anvisa, que disponibiliza também a lista de produtos cosméticos registrados.