Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 27 de setembro de 2024
As práticas estéticas de harmonização facial já são tópico frequente nas redes sociais, com um número cada vez maior de celebridades que aderem ao procedimento. Porém, uma peculiaridade sobre o treinamento de profissionais que realizam a técnica levou o assunto a viralizar por um motivo diferente nesta semana.
Congelado fresco
O que é o “fresh frozen”? Em uma série de postagens na rede social Bluesky, a tatuadora Helen Fernandes, conhecida como Malfeitona, causou espanto de diversos internautas ao falar sobre o uso de cadáveres “fresh frozen” (congelado fresco, em tradução livre), que usam técnicas avançadas de congelamento, em cursos de harmonização facial.
Na publicação, ela comenta que as cabeças são levadas “geladas” para que os profissionais aprendam o procedimento estético. O uso de cadáveres no ensino de práticas médicas é comum em centros ligados à saúde, especialmente universidades, estudo e pesquisa.
A legislação brasileira permite que sejam doados cadáveres não reclamados por famílias no período de até 30 dias depois do óbito – algo que tem sido menos comum. Há também a possibilidade de a pessoa declarar em vida a vontade de doar seu próprio corpo para a ciência em caso de morte.
No entanto, chama a atenção o recebimento de cadáveres para o ensino de técnicas estéticas, como a harmonização facial – algo que pode ser constatado em diversos cursos ofertados pela internet e divulgados nas redes sociais. Especialmente no contexto em que faculdades de medicina relatam um déficit.
Em 2022, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) fez uma publicação sobre o tema em que afirmou haver “falta de corpos na área”: “Recomenda-se um corpo para cada dez alunos, mas, por conta do déficit, há cursos que não possuem cadáveres e usam moldes artificiais”, disse.
No ano seguinte, a BBC fez um levantamento sobre o tema com as 30 universidades mais bem avaliadas no país. Das 26 que responderam, mais da metade, 17, afirmaram enfrentar uma escassez de corpos para estudo e pesquisa. Apenas duas relataram ter números satisfatórios, enquanto as outras sete não tinham condições de utilizar cadáveres ou ainda estavam criando programas para isso. As informações são do jornal O Globo.