Sábado, 08 de março de 2025
Por Redação O Sul | 24 de janeiro de 2025
No ano passado, o total do volume financeiro dos cheques somou R$ 523,19 bilhões, queda de 14,2% ante 2023
Foto: Agência BrasilA utilização de cheques no Brasil caiu 18,4% em 2024 em relação ao ano anterior, em 137,6 milhões de usos, e 95,87% desde 1995, início da série histórica, quando foram compensados 3,3 bilhões de cheques, mostra levantamento realizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
O estudo tem como base a Serviço de Compensação de Cheques (Compe). No ano passado, o total do volume financeiro dos cheques somou R$ 523,19 bilhões, queda de 14,2% ante 2023.
A entidade disse ainda que em relação aos cheques devolvidos sem fundos, o total caiu de 15 milhões, em 2022, para 13,6 milhões no ano passado, uma redução de 9%.
Na comparação com 1997, quando esses dados começaram a ser registrados, o número de cheques devolvidos sem fundo foi de 56,8 milhões.
A Febraban credita a diminuição no número de cheques devido ao avanço de meios de pagamento digitais, como internet e mobile banking, e a criação do Pix em 2020.
“Apesar da crescente digitalização do cliente bancário, o cheque ainda é bastante usado no Brasil. São diversos motivos que ainda fazem este documento de pagamento sobreviver: resistência de alguns clientes com os meios digitais, uso em comércios que não querem oferecer outros meios de pagamento, utilização como caução para uma compra, como opção em localidades com problemas de internet, entre outros”, pondera Walter Faria, diretor-adjunto de Serviços da Febraban.
Além disso, complementa o diretor, os dados também mostram que o valor médio do cheque é mais alto, o que significa que a população está usando este meio de pagamento para transações de maior valor, enquanto as transações menores e do dia a dia são feitas com o Pix. No ano passado, o tíquete médio do documento foi de R$ 3.800,87 ante R$ 3.617,60 de 2023.
Fim dos cheques
Apesar da queda no uso dos cheques, a Febraban diz que não existe previsão legal ou regulatória para o fim do cheque. “A resistência ao uso vem de casos muito específicos, como resistência ao uso de meios digitais e falta de limites. Mas com o avanço dos canais digitais e do Pix, o cheque tem se tornado um mecanismo caro e complexo de utilização”, explicou a federação.
Não há estudo que aponte o perfil dos ainda usuários de cheques. E mesmo diante das fraudes ou golpes digitais, não há perspectiva que os cheques retornem como alternativa de pagamento como antes.
“Hoje os mecanismos de transações digitais estão menos suscetíveis a fraudes do que os cheques, pois exigem, muitas vezes, múltiplos fatores de autenticação, enquanto o cheque utiliza apenas a análise de assinatura. Não vemos qualquer perspectiva de retomada do uso dos cheques, seja por questões de fraudes, seja por questões de facilidade, custo ou benefícios”, sentencia a instituição dos bancos.