Sexta-feira, 15 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 5 de outubro de 2019
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Tempos de comunicação de excesso. Informação demais é informação de menos. Depois que inventaram o 0800, depois transformado em 0300 ou 0400, o passo seguinte foi excluir até mesmo o telefone dos sites das empresas. É proibido você telefonar e tirar satisfação das empresas irresponsáveis e que maltratam os usuários.
Isso é assim com bancos e qualquer grande empresa. E quando chega nas famosas plataformas (odeio startups e quejandos), aí o bicho pega, mesmo. Se uma dessas plataformas engana você, por exemplo, essas de viagens (Expedia, Bocking.com), torna-se impossível reclamar. Quer algo pior ainda? Essas plataformas não estão em território brasileiro. Tem uma que chama EBanx – um banco que não é banco. Você assina Spotfy e eles é que cobram. Esses aí só dando de relho. Relho daqueles bem trançados.
As empresas daqui do Brasil, por sua vez, desdenham dos usuários. Um exemplo é essa CCR-Via Sul. Pode xingar à vontade. Pode atirar pedras na portaria deles. E eles nem se mexem. Mandam uma mensagem automática, dizendo: protocole sua reclamação. Simples assim. Odeio esse tipo de comportamento. Como já disse, se eu encontrar o diretor de uma empresa dessas, acho que parto para a briga. Vis a vis.
Quando as empresas como a CCR Via Sul assim se comportam, parece que somente a desobediência civil ou o direito de resistência se apresenta como solução. Todos os dias essa gente atazana a vida de milhares de pessoas com engarrafamentos. E nos feriados, zombam dos utentes.
Há que passar por cima dos cones demarcadores, quando se constatar que estão lá apenas para servir de limite formal sem a mínima serventia. Hobbes tinha razão: homo homini lupus (o homem é o lobo do homem). Essa gente age desse jeito porque ninguém reclama. Essa gente não tem barreiras. Não tem constrangimentos. Ninguém os constrange. Essa gente desdenha e cospe no direito dos outros…porque ninguém faz nada. Essa gente faz escarnio dos usuários porque o Ministério Público e a Defensoria não cumprem seu papel. Parece que a Defensoria e o MP ficam disputando clientela, enquanto há uma multidão de pessoas por aí sendo lesada de forma quase invisível.
Ministério Público e Defensoria: atentem-se aos usuários invisíveis. Eles existem. Eles são maltratados, eles estão nos engarrafamentos provocados por desídia de empresas como CCR Via Sul, por sinaleiras que estão mal sincronizadas, há buracos nas ruas que estragam pneus, há, enfim, um monte de gente esperando que as caras Instituições (e Instituições caras) façam algo em termos de dano moral coletivo.
Socorro, instituições. Se vocês agissem, milhares de pessoas não ficariam mofando na BR 386, na BR 116, na BR 101, etc. Milhares de pessoas seriam atendidas nos telefones dos call centers das empresas. E milhões de pessoas não ficariam ouvindo a musiquinha das gravações dos call centres, que atendem em 30 segundos e depois levam 20 minutos para, de fato, atender o pobre do usuário.
Chega. Ou isso ou vamos para a desobediência civil.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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