O Instituto Butantan decidiu descontinuar a produção da ButanVac, candidata à vacina contra a covid-19. Segundo o órgão, o resultado “ficou aquém dos pré-requisitos de sucesso estabelecidos”.
Os testes com o produto já estavam na fase 2, quando 200 voluntários receberam a ButanVac e outros 200 foram imunizados pelas vacinas já disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Conforme a nota divulgada pelo Butantan, após 28 dias, a quantidade de anticorpos no sangue de quem recebeu a ButanVac não foi comparável à observada naqueles que receberam outra vacina.
O órgão afirmou que havia discutido e acordado com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que o desempenho da ButanVac não deveria ser inferior ao dos imunizantes existentes e, por isso, as pesquisas foram encerradas.
“Nesse caso, o desfecho não demonstrou a imunogenicidade esperada. Por isso, interrompemos o seu desenvolvimento e seguimos no desenvolvimento de rotas mais promissoras. Nosso compromisso é com a ciência e a saúde da população”, afirmou Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan, em comunicado.
O Butantan fornece oito tipos de vacinas para o Ministério da Saúde. São elas: influenza sazonal trivalente, hepatite A, hepatite B, HPV, raiva, a vacina tríplice bacteriana (DTP, que protege contra a coqueluche, tétano e difteria) e vacina dupla adulta (DTPA, contra difteria e tétano).
“O ensaio clínico cumpriu o seu papel. No Butantan, temos respeito absoluto pelo processo e resultado científicos. Por isso, a população pode acreditar na gente. Quando dizemos que uma vacina é boa, é porque os estudos demonstraram isso”, acrescentou Kallás.
Gripe
Em outra frente, a vacina trivalente da gripe, produzida pelo Instituto Butantan e distribuída pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é a principal forma de prevenção contra a doença e suas complicações, como pneumonias e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que podem levar à morte. A formulação da vacina de 2024 é composta por duas cepas de influenza A (H1N1 e H3N2) e uma cepa de influenza B, recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para garantir uma proteção eficiente, o imunizante precisa ser atualizado anualmente, mesmo que isso signifique a mudança de uma ou das demais cepas da composição. A OMS monitora os vírus e suas variantes nos hemisférios norte e sul, e, seis meses antes do início do inverno, período de maior transmissão viral, anuncia as três principais cepas que devem estar na formulação dos imunizantes do ano seguinte.
Por isso, todos os anos o Ministério da Saúde realiza a Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe. A campanha foca principalmente nos grupos prioritários, como crianças menores de cinco anos, idosos, gestantes e doentes crônicos, entre outros públicos, considerados mais suscetíveis às complicações.
“A vacina do ano anterior não necessariamente trará proteção contra as cepas circulantes neste ano. Por isso é importante tomar a vacina da gripe a cada nova campanha. A formulação da vacina da gripe de 2024 é composta pelas cepas predominantes no hemisfério Sul: duas cepas da influenza A e uma cepa de influenza B, que tende a causar um quadro exacerbado de gripe em crianças pequenas”, afirma a gerente médica de segurança do Butantan, Karina Miyaji.
A gripe é uma infecção aguda do sistema respiratório, provocada pelo vírus influenza, que tem grande potencial de transmissão. O influenza pode ser dos tipos A, B, C ou D e corresponder a mais de 30 mil subtipos diferentes. Os vírus são formados por proteínas chamadas hemaglutinina (HA) e neuraminidase (NA) e podem causar os mesmos sintomas da doença. Os tipos A e B são os que atingem os humanos, e ao menos três causam doenças: H2N2, H1N1 e H3N2. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e do Instituto Butantan.