Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 31 de janeiro de 2024
Mais de 240 mil brasileiros contraíram dengue em janeiro de 2024, mas o mês termina com uma notícia publicada por uma das revistas científicas mais importantes do mundo: a vacina do Instituto Butantan contra dengue é segura e eficaz.
O artigo científico foi publicado nesta quarta-feira (31), com destaque na “New England”, depois de passar pelas rigorosas revisões da revista. O trabalho traz os resultados de 14 anos de pesquisa e testes da vacina desenvolvida em uma parceria do Instituto Butantan com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos.
Em 2016, 16.235 voluntários brasileiros começaram a receber as doses. Elas foram aplicadas em 16 centros de pesquisa em saúde. O imunizante é tetravalente, ou seja, carrega o vírus atenuado da dengue tipos 1, 2, 3 e 4. No período de estudo, só os sorotipos 1 e 2 circularam no País.
“Nós estamos falando de quatro vacinas ao mesmo tempo, que tem que trilhar caminhos semelhantes, que tem que induzir respostas que sejam equivalentes para trazer uma proteção ampla”, afirma Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan.
A vacina do Butantan evitou a doença em 79,6% dos voluntários e a proteção foi ainda maior, de 89,2%, entre aqueles que apresentavam anticorpos para dengue antes do estudo – são pessoas que já tiveram a doença ou contato com o vírus. A proteção entre as crianças de 2 a 6 anos foi de 80,1%; de 77,8% entre os 7 e 17 anos; e de 90% entre adultos de 18 a 59 anos de idade.
Dose única
Uma grande vantagem destacada pelos pesquisadores é que a vacina do Butantan é de dose única, apenas uma injeção, e isso garantiria economia na distribuição, aplicação e também rapidez no controle de epidemias e surtos.
A vacina ainda precisa da aprovação da Anvisa e, se tudo der certo, a expectativa é de que ela possa chegar ao braço dos brasileiros em 2025.
Até aqui, os testes mostram que a proteção da vacina é de pelo menos dois anos e novos estudos vão indicar se esse tempo pode ser maior. Os pesquisadores ainda não sabem se quem tomou a vacina japonesa, que vai ser distribuída pelo Ministério da Saúde, ainda em pequena quantidade, poderá receber no futuro a vacina do Butantan.
“É possível que a gente tenha que fazer um estudo algum dia sobre combinações de vacina. Já são três que estão cruzando a linha final – a nossa ainda não cruzou, está quase cruzando essa linha final -, para a gente saber se eventuais combinações podem ser possíveis. Depois de passar por tantas revisões ultra rigorosas para sair em uma revista como essa, valoriza muito o resultado, ressalta muito a importância do trabalho que foi feito”, diz Esper Kallás.