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Vacinação contra influenza protege crianças de futuras pandemias de gripe

Estudo diz que imunização repetida produz anticorpos que protegem contra novas cepas. (Foto: Claudio Fachel/Palácio Piratini-Arquivo)

Doses repetidas da vacina contra a influenza protegem as crianças contra futuras cepas de gripe, inclusive aquelas que podem desencadear pandemias. A constatação é de um estudo da Universidade McMaster, no Canadá, publicado na revista científica Cell Reports Medicine.

Na pesquisa, foram avaliadas crianças e adolescentes de 6 meses a 17 anos, monitorados pelo período de três anos. O grupo analisou os resultados da vacina convencional contra a gripe e também de uma versão em spray nasal. As duas opções tiveram resultados positivos na geração de anticorpos amplamente protetores.

De acordo com os pesquisadores, ao receber o imunizante durante anos, as crianças apresentam respostas imunes capazes de protegê-las contra vírus pandêmicos, algo que não acontece com os adultos.

O achado pode ajudar no desenvolvimento de uma vacina universal contra o vírus da gripe para o público infantil, que pode ter complicações, como pneumonia, e até morrer por causa da doença.

Segundo Matthew Miller, principal autor do estudo, as medidas para contenção da Covid-19, como o uso de máscaras e o distanciamento social, ajudaram a diminuir os casos de gripe, mas a doença deve retornar possivelmente em formas perigosas.

Imunização cruzada

No Brasil, a atual vacina contra gripe, disponível na campanha de imunização de 2021, se mostrou capaz de conferir proteção contra a influenza H3N2 (Darwin), mesmo sem ter a cepa na sua composição. Este é o resultado de testes realizados no Instituto Butantan, produtor da vacina distribuída pelo Ministério da Saúde.

Segundo o diretor de produção do Instituto Butantan, Ricardo Oliveira, a vacina atual trivalente, composta pelo vírus da influenza H1N1, H3N2 e B, conferiu a proteção cruzada (quando o imunizante foca em neutralizar um vírus, mas consegue neutralizar outro) contra a cepa Darwin em testes de laboratório justamente por conter uma cepa H3N2, da mesma origem.

“A vacina que temos hoje traz uma proteção cruzada contra a Darwin, menor do que a vacina específica, mas confere. Vimos isso nos reagentes que usamos no controle de qualidade, nas reações in vitro. O reagente da cepa anterior reage como uma cepa nova. Então existe essa possibilidade, esse nível de proteção”, afirma Ricardo.

Ricardo explica que a proteção cruzada pode ocorrer principalmente quando um imunizante contém em sua composição uma cepa semelhante à que se quer proteger. Isso acontece porque os vírus evoluem com o tempo, mas mantêm estruturas semelhantes.

A nova versão da vacina da influenza, que será distribuída neste ano, é trivalente, composta pelos vírus H1N1, H3N2 (Darwin) e a cepa B, e já está sendo produzida pelo Butantan em suas fábricas.

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