Autoridades dos Estados Unidos começaram a analisar as “implicações de segurança” da alta popularidade da Inteligência Artificial chinesa DeepSeek. Ao comentar o assunto, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que o Conselho de Segurança Nacional do governo Trump está analisando cuidadosamente todos os dados sobre a DeepSeek.
“Este é um alerta para a indústria americana de IA, mas estamos trabalhando para garantir o domínio dos EUA”, disse.
O DeepSeek causou uma reviravolta no mercado de inteligência artificial no início desta semana, superando o rival ChatGPT em lojas de aplicativos nos EUA e fazendo com que empresas gigantescas de tecnologia perdessem US$ 1 trilhão na bolsa de Nova York.
A plataforma chinesa tem sido descrita como um ChatGPT de baixo custo. Pesquisadores da startup disseram que o investimento para treinar o chatbot chinês foi de US$ 6 milhões (cerca de R$ 35 milhões), uma quantia que parece irrisória frente aos bilhões de dólares gastos por empresas americanas.
Por enquanto, o governo norte-americano segue analisando o caso DeepSeek de maneira informal, mas não é descartada uma revisão completa do código e até mesmo um possível bloqueio do acesso nos EUA. Contudo, alguns congressistas já disseram que pretendem apresentar projetos para banir o DeepSeek por conta do envio de dados dos americanos para servidores localizados na China.
Segundo alguns analistas de mercado, os Estados Unidos devem analisar se a DeepSeek usou dados de cidadãos norte-americanos no seu treinamento. Além disso, também não é descartado o roubo de informações de outras IAs.
David Sacks, membro do governo Trump, falou sobre um suposto roubo de dados na Fox News:
“Bem, é possível. Existe uma técnica em IA chamada destilação, sobre a qual você vai ouvir muito, que é quando um modelo aprende com outro modelo. Acho que uma das coisas que você verá nos próximos meses é que nossas principais empresas de IA devem tomar medidas para tentar evitar a destilação […] Isso definitivamente desaceleraria alguns desses modelos imitadores”, declarou Sacks.
Poder
Parte do que preocupa observadores da indústria de tecnologia dos EUA e os investidores é a ideia de que a startup chinesa esteja emparelhando com empresas americanas na corrida pelo domínio da inteligência artificial, só que com gastos bem menores.
E essa nova corrida vai muito além da tecnologia. Afinal, o domínio sobre a inteligência artificial é considerado um poder. “Estamos falando de uma tecnologia generalista que tem se apresentado como o grande combustível da nova Revolução Industrial”, diz Anderson Soares, coordenador Centro de Excelência em IA da Universidade Federal de Goiás.
Críticas da Google
A Google publicou um artigo no seu blog oficial dizendo que é uma questão de segurança nacional que o Estados Unidos seja o líder mundial em desenvolvimento de IA.
Em um dos trechos da publicação, Kent Walker, presidente de Assuntos Globais do Google e da Alphabet (empresa mãe do Google) afirma que “como revelamos em um novo relatório divulgado hoje, embora a IA generativa possa ser usada por agentes de ameaças para acelerar e amplificar ataques, eles ainda não foram capazes de usar a IA para desenvolver novos recursos. Para mantê-lo assim, particularmente à medida que novos modelos poderosos – que podem ser aproveitados por uma ampla variedade de atores – começam a ganhar força, a indústria e o governo americanos precisam trabalhar juntos para apoiar nossa segurança nacional e econômica”.
Nas entrelinhas, podemos entender que ele pode estar se referindo ao uso do DeepSeek para criar malwares, o que também já foi feito com o ChatGPT, mas sem nenhum pronunciamento do tipo pelo Google.
Em outro trecho, o Kent foi mais incisivo, dizendo que é crítico que as empresas dos EUA superem as chinesas com políticas comerciais e de exportação.