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Por Redação O Sul | 28 de novembro de 2022
Os camelos, animais símbolo do Oriente Médio, são conhecidos pela comunidade científica por serem um reservatório do vírus MERS, um tipo de coronavírus responsável por causar a Síndrome Respiratória do Oriente Médio.
Um trio de cientistas da Universidade de John Hopkins, nos Estados Unidos, da Universidade de Marseille, na França, e do Centro Colaborador para a Saúde do Viajante da Organização Mundial da Saúde (OMS), na Suíça, publicou um artigo na revista científica New Microbes and New Infections sobre riscos de contaminação associados à Copa do Mundo, no Catar.
Entre eles, um alerta para que pessoas com maior risco de agravamento de saúde, como aquelas com doenças crônicas e imunossuprimidas, evitem o contato com camelos, alimentos derivados do animal ou comidas que não tenham sido devidamente cozidas. Isso devido à possibilidade de contaminação com a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), também causada por um coronavírus.
“A MERS-CoV causou vários surtos hospitalares na Arábia Saudita e causou um número limitado de casos no Catar e o padrão foi esporádico. Dados epidemiológicos do Catar mostraram a ocorrência de 28 casos de MERS (incidência de 1,7 por 1.000.000 habitantes) e a maioria dos casos tinha histórico de contato com camelos. Assim, as pessoas com maior risco de desenvolver doença grave são aconselhados a evitar o contato com camelos dromedários, beber leite de camelo cru ou urina de camelo, ou comer carne que não foi devidamente cozida”, escrevem os cientistas.
A MERS foi identificada pela primeira vez na Arábia Saudita em 2012, e desde então provocou quase mil mortes em 27 lugares. A maioria dos diagnósticos são concentrados no país em que foi detectada, mas como os camelos são reservatórios do vírus, os pesquisadores alertam para a possibilidade que a dimensão do evento favoreça o contato dos animais com pessoas mais suscetíveis à infecção.
Risco de epidemias
Além do alerta sobre o MERS, o artigo destaca os riscos do evento, que estima um total de 1,2 milhão de visitantes, no momento em que duas emergências internacionais de saúde estão ocorrendo simultaneamente: a covid e a varíola dos macacos.
“Os riscos de doenças infecciosas associados à Copa do Mundo da FIFA 2022 este ano no Catar são dominados pela preocupação global com a pandemia de covid em andamento com emergência de novas variantes e a ameaça de fuga da (proteção) da vacina e a ocorrência de surtos de varíola dos macacos em vários países. Embora nos últimos meses a trajetória dos casos de varíola símia aponta para números decrescentes, esse risco ainda é um desafio significativo no contexto de um futebol Copa do Mundo e possíveis encontros sexuais”, relatam os pesquisadores.
Eles destacam, no entanto, que o Ministério da Saúde do país-sede está preparado para lidar com as ocorrências e recomendam que os viajantes estejam em dia com a vacinação, ressaltando que, embora o risco seja menor, há ainda a possibilidade de disseminação de outras doenças, como sarampo e hepatite A e B.
“Para mitigar os riscos mencionados, os visitantes do torneio devem estar em dia com suas vacinas de rotina e observar as regras de segurança de consumo de alimentos e bebidas”, escreveram.
Um alerta semelhante, sobre os mesmos problemas de saúde, foi feito recentemente pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças Europeu (ECDC). Além de ressaltar a importância da vacina, inclusive contra a gripe, o órgão destacou medidas de higiene que podem evitar a contaminação.
“Recomenda-se a adoção de medidas de higiene padrão, incluindo lavagem regular das mãos com sabão,beber água segura (engarrafada, clorada ou fervida antes do consumo); comer alimentos bem cozidos e lavar cuidadosamente frutas e legumes com água potável antes do consumo; e ficar em casa ou em um quarto de hotel quando estiver doente”, diz o Relatório de Ameaças de Doenças Transmissíveis do centro.