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Vai viajar para o exterior no início do ano? Veja o que analistas acham que vai acontecer com o dólar

Geralmente os economistas recomendam comprar moeda estrangeira para viajar aos poucos. (Foto: Reprodução)

Entre os economistas há um ditado recorrente que diz que o câmbio foi feito para humilhar a categoria. É o caráter imprevisível da cotação do real em relação ao dólar – provavelmente a mais difícil de prever entre os principais números da economia – que leva a maioria dos economistas e analistas financeiros a não se arriscar em previsões sobre como estará o câmbio no futuro.

Há os analistas e gestores de investimentos que são pagos para fazer esse tipo de análise, mas com muita cautela. No entanto, quem realmente está mais interessado em saber os próximos passos do dólar é o cidadão comum que tem uma viagem ao exterior marcada para as férias de verão.

Disney, Nova York ou Paris (a desvalorização do real frente ao dólar também afeta a cotação da moeda europeia por aqui) em janeiro tende a ser uma facada no bolso se o câmbio mantiver a mesma toada. Ainda mais considerando que a cotação do dólar turismo é ainda maior.

O que fazer? É melhor comprar dólar agora para a viagem ou vale a pena esperar a poeira (e a cotação) baixar? Geralmente os economistas recomendam comprar moeda estrangeira para viajar aos poucos, o que dilui o risco de valorização do câmbio ao longo do tempo. Veja o que eles acham que vai acontecer agora e tome sua decisão.

Quem imaginaria que seria possível no Brasil um dólar cotado a R$ 6,25? No meio da tarde dessa quarta-feira a cotação ultrapassou essa marca, nunca antes alcançada em toda a história do real, moeda criada em 1994. O dólar vem a dias seguidos renovando sua máxima e parece que não há um teto.

Nem mesmo leilões extraordinários de dólar do Banco Central para aumentar a oferta de moeda americana têm surtido efeito. Ontem, a moeda chegou a ser negociada a R$ 6,20 na terça e fechou a R$ 6,09. Só cedeu após a declaração do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, de que votaria medidas do pacote fiscal.

Isso indica que é o pacote fiscal a principal razão da escalda do dólar. Para analistas, se o governo não tiver um plano mais ambicioso, o dólar não vai cair no ano que vem. O que pode ser um argumento em favor de comprar agora.

Além de leilões de dólares do BC, o Tesouro Nacional fez um leilão extraordinário de recompra de títulos para tentar acalmar o mercado, mas também não teve sucesso. Para Eduardo Grübler, analista multimercados da AMW, a gestora da Warren Investimentos, nenhuma dessas medidas surtirá um efeito mais duradouro se a questão fiscal não for tratada de forma mais contundente pelo governo federal:

“Não resolvendo o fiscal, (o dólar) não vai cair, estruturalmente não vai cair. E não está sendo feita nenhuma mudança para que o Brasil reduza esses problemas estruturais que está enfrentando agora.”

Na última segunda-feira, o último Boletim Focus, relatório do Banco Central que compila previsões de agentes de mercado, mostrou que a mediana das projeções para o fim deste ano é de dólar em R$ 5,99. Há quatro semanas era R$ 5,60.

Também pioraram as expectativas para o câmbio em 2025. No ano que vem, os analistas esperam, em média, dólar em R$ 5,85. Há um mês, a previsão era R$ 5,50. Ainda assim, as medianas são inferiores ao patamar do dólar hoje. Por outro lado, o fato de as previsões terem sido renovadas para cima nas últimas edições do Focus indica que o mercado ainda vê espaço para o dólar ganhar força.

Mas há analistas que apontam um exagero na desvalorização atual do real, resultado da indisposição do mercado com o ajuste das contas públicas, em meio às votações do pacote fiscal no Congresso. Nesse sentido, essas visões sugerem esperar a tormenta passar e buscar uma cotação ao menos um pouco mais baixa e estável em janeiro.

O ministro da Fazenda também tem essa opinião. Hoje, Fernando Haddad afirmou que o câmbio tem flutuado por conta de pendências e citou “movimentos especulativos”. Ele disse acreditar que o dólar vai se acomodar.

“Nós temos um câmbio flutuante e, neste momento em que as coisas estão pendentes, tem um clima de incerteza que faz o câmbio flutuar. Mas eu acredito que ele vai se acomodar”, disse Haddad, ao deixar o prédio da pasta, em Brasília. As informações são do jornal O Globo.

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