Presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto foi aconselhado a moderar o tom das críticas às urnas eletrônicas e a “enquadrar” bolsonaristas do partido que fazem ataques ao sistema eleitoral e a integrantes do poder Judiciário.
O conselho foi dado a Valdemar por pelo menos duas influentes lideranças políticas do Centrão que conversaram com o presidente nacional do PL ao longo das últimas semanas.
Nas conversas, esses líderes alertaram Valdemar que, se ele continuar atacando as urnas, poderá acabar sendo afastado do comando da sigla ou até mesmo preso, por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes, atual presidente do TSE.
De acordo com relatos, lideranças do Centrão lembraram ao cacique do PL que o documento elaborado a pedido do partido para questionar a confiabilidade das urnas foi incluído no inquérito das fake news, relatado por Moraes.
Multa
No final de novembro, o presidente do PL apresentou o resultado da auditoria das urnas eletrônicas contratada pelo partido, que encontrou supostas evidências de “mau funcionamento” em alguns modelos mais antigos. Na petição inicial, o partido afirmava haver uma falha no log do código de registro das urnas eletrônicas fabricadas antes de 2020 que impede a identificação individual delas, gerando incerteza sobre o resultado. Essa incerteza, no entendimento do partido, só seria resolvida com a anulação do resultado dessas urnas que representam mais da metade do pleito. Com isso, seu candidato, Jair Bolsonaro, sairia vencedor.
O partido acabou sendo condenado pelo presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, por litigância e má-fé. O acesso da legenda ao fundo partidário foi bloqueado e aberto inquérito contra Valdemar Costa Neto por desvio de finalidade do uso da máquina partidária. O TSE também aplicou uma multa de R$ 22,9 milhões.
O partido entrou com recurso contra a multa, alegando que “jamais teve a intenção de causar qualquer tumulto ao processo eleitoral brasileiro, muito menos fomentar qualquer tipo de movimento ideológico”. A legenda também afirma que “em nenhum momento” atuou com desprezo à Justiça Eleitoral ou “má-fé processual”.
Sem obter êxito pelos meios legais, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, tem buscado uma saída política para as recentes decisões judiciais que bloquearam os recursos financeiros da legenda e as redes sociais de congressistas.
Em conversas reservadas, o dirigente do partido tem avaliado que a ofensiva jurídica não tem sido suficiente e que é necessário sensibilizar integrantes do Legislativo e do Judiciário que possam atuar como moderadores junto ao presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes.