A mineradora Vale já perdeu R$ 48,3 bilhões em valor de mercado desde o início deste ano. A companhia enfrenta um processo confuso de troca de presidência, que contou com uma tentativa do governo Lula de emplacar o ex-ministro Guido Mantega no comando da companhia.
Na sexta-feira (8), o Conselho de Administração da Vale decidiu renovar o contrato de seu CEO, Eduardo Bartolomeo, até 31 de dezembro de 2024. O mandato dele se encerraria em maio. Agora, a companhia vai contratar uma empresa de recursos humanos para elaborar uma lista tríplice com indicações de sucessores. Segundo fonte próxima aos conselheiros, há um temor de que a mudança seja um jogo de “cartas marcadas”.
No fim do ano passado, o valor de mercado da Vale era de R$ 332,1 bilhões. Na sexta-feira, valia R$ 283,8 bilhões.
A troca de comando da Vale foi mais uma das polêmicas do atual governo. O governo tentou emplacar o ex-ministro Guido Mantega na presidência da empresa e no Conselho de Administração. Mantega foi ministro da Fazenda entre 2006 e 2014. A tentativa de interferência provocou uma divisão entre os acionistas da companhia.
A saída de Bartolomeo do cargo era defendida pela Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, por meio do qual o governo exerce a sua influência na empresa.
Se, por um lado, a decisão que culminou com a saída de Bartolomeo atende ao pleito do governo de remover o executivo, de outro, adia a decisão sobre quem deverá substituí-lo para o fim do ano, quando a lista tríplice será avaliada.
Em entrevista à RedeTV, o presidente Lula disse que a “Vale não pode pensar que é dona do Brasil” e que precisa estar de acordo com o entendimento de desenvolvimento do governo, o que reforçou a ideia de que Lula deseja interferir na companhia.
Nas últimas semanas, vários nomes apareceram como cotados para ocupar a presidência da Vale, como o presidente da Suzano, Walter Schalka, o ex-presidente da Cielo e do Banco do Brasil Paulo Caffarelli, e o ex-presidente da Vale Murilo Ferreira.