Sábado, 26 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 6 de julho de 2020
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o governo pretende fazer até quatro “grandes privatizações” em até três meses. Guedes não revelou, no entanto, quais empresas serão vendidas.
Durante entrevista à CNN Brasil, o ministro foi questionado sobre a influência da aproximação entre o presidente Jair Bolsonaro e o bloco político conhecido como Centrão na previsão de que as empresas públicas sejam aparelhadas por aliados políticos.
Guedes, então, negou que esse risco esteja no radar do governo.
“Houve justamente esse questionamento: “Bom, agora que o presidente buscou o centro democrático, ou o Centrão, isso agora vai exigir o aparelhamento das estatais?”. Não. Nós vamos fazer quatro grandes privatizações nos próximos 30, 60, 90 dias”, afirmou.
O ministro não quis detalhar quais companhias serão vendidas, mas destacou que o governo vê nas subsidiárias de estatais — braços do negócio principal — uma fonte de recursos.
“Tem um arbusto que é uma empresa estatal, cheia de ativos valiosos. Subsidiárias da Caixa são um bom exemplo. Esse ano é um excelente ano para fazer um IPO grande: R$ 20, R$ 30, R$ 40, R$ 50 bilhões. Bem maior até que uma Eletrobras, por exemplo”, disse Guedes.
Na semana passada, advogados do Congresso entraram com um pedido de liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir o bloqueio da venda de refinarias da Petrobras.
No requerimento, os técnicos criticam o que consideram “privatização branca”, que seria a criação artificial de subsidiárias para vender a empresa principal aos poucos.
Em junho do ano passado, o STF permitiu que o governo privatize subsidiárias sem o aval do Legislativo. A venda de empresa-matriz, no entanto, ainda precisa de aprovação dos parlamentares. O pedido de semana passada acusa o governo de burlar essa autorização da Corte.
O ministro foi questionado se os Correios entrariam no pacote. Guedes respondeu que sim, mas não disse quando a estatal será vendida. A empresa já está na lista de estudos para ser licitada.
“Seguramente (Correios serão privatizados). Não vou falar quando, mas seguramente”, pontuou o ministro.
Reforma tributária e CPMF
Na entrevista à CNN, Guedes voltou a defender a criação de um imposto sobre transações financeiras para custear a desoneração da folha de pagamentos. O ministro se queixou ainda do que considera uma interdição do debate, por causa da comparação do sistema com a antiga CPMF.
Guedes afirmou também que o governo enviará ao Congresso uma proposta de reforma tributária abrangente e espera que a medida seja aprovada ainda neste ano.
Mais cedo, ao falar de reforma tributária, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que a Casa não pautará nenhum projeto nessa linha.